revisao do pré-projeto Guilherme Mayer
1.1 - Bibliografia pesquisada a partir das ferramentas da disciplina:
AGAMBEN, Giorgio. What is an apparatus? and other essays , Meridian, crossing aesthetics. Stanford, Califórnia: Stanford University Press, 2009
ALTHUSSER, Louis. Para un Materialismo Aleatorio. Madrid: Arena Libros, 2002. Tradução de Pedro Fernandez Liria, Luis Alegre Zahonero e Guadalupe Gonzales Diéguez.
AREHART, Kathryn H.. The Nature of Hearing and Hearing Loss. Soundscape: Hearing Loss, Carbondale, v. 6, n. 1, p. 11-15, jan. 2005
BACHELARD, Gaston. Poetics of Space. Boston: Beacon Press, 1994. Tradução de Maria Jolas
BLAUERT, Jens. Spatial Hearing: The Psychophysics of Human Sound Localization. Cambridge:The MIT Press, 1997
CERTEAU, Michel. A invenção do cotidiano: artes de fazer vol 1. Petropolis: Vozes, 2012.
CERTEAU, Michel. A invenção do cotidiano: morar, cozinhar vol 2. Petropolis: Vozes, 2012.
DANCER, Andrea. Listening as Reciprocity: heidegger’s appropriation in being-time. Soundscape: Canacoustica: Canadian Perspectives on Environment and Sound, Carbondale, v. 14, n. 1, p. 4-9, jan. 2015
Deleuze, Gilles. O mistério de Ariana. Ed. Vega – Passagens. Lisboa, 1996.Tradução e prefácio de Edmundo Cordeiro
DELEUZE, Giilles; GUATTARI, Felix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995. v.1 e 2.
DELEUZE, Giilles; GUATTARI, Felix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Editora 34, 1996. v.3.
DELEUZE, Giilles; GUATTARI, Felix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Editora 34, 1997a. v.4 e 5.
DOLPHIJN, Rick; TUIN, Iris van Der. New Materialism: interviews & cartographies. Michigan: Open Humanities Press, 2012.
ENGELS, Friedrich; MARX, Karl. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo, 2007. Tradução de Rubens Enderle, Nélio Schneider, Luciano Martorano e Rubens Enderle.
ERLMANN, Veit. Hearing Cultures: Essays on Sound, Listening and Modernity. Oxford: Berg. 2004
FELD, Steven; Donald BRENNEIS. Doing Anthropology in Sound. American Ethnologist, 31(4), pp. 461-474. 2004
FIADEIRO, João; BIGÉ, Romain. Se não saber porque é que pergunta? Revista Científica Fap, Curitiba, v. 17, n. 2, p. 177-198, dez. 2017.
FREUD, Sigmund. Recomendações aos Médicos que Exercem Psicanálise. 1912. Tradução do inglês de John Riviere. Disponível em: http://www.freudonline.com.br/livros/volume-12/vol-xii-5-recomendacoes-aos-medicos-que-exercem-a-psicanalise-1912/. Acesso em: 7 nov. 2020.
HARAWAY, Donna. Manifesto ciborgue Ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. 1985. Disponível em: https://cochabambahotel.noblogs.org/files/2017/03/Manifesto_Ciborgue.pdf. Acesso em: 07 nov. 2020
HARAWAY, Donna J.. Modest Witness@Second_Millenium.FemaleMan©_Meets_On coMouse™: Feminism and Technoscience. New York e Londres: Routledge, 1997.
HEIDEGGER, Martin. Que é Uma Coisa. Lisboa: Edições 70, 1987. Tradução de Carlos Morujão.
HELMREICH, Stefan. Um antropólogo debaixo d’água: paisagens sonoras imersivas, ciborgues submarinos e etnografia transdutora. Caderno Eletrônico de Ciências Sociais, [S.L.], v. 3, n. 1, p. 174-214, 31 mar. 2016. Universidade Federal do Espirito Santo. http://dx.doi.org/10.24305/cadecs.v3i1.12280.
HORNSTEIN, Luis. Intersubjetividad y clínica. Buenos Aires: Paidós, 2003
JAEGER, Petere. John Cage and Buddhist Ecopoetic. Nova York: Bloomsburry Academic, 2013.
JOURDAIN, Roubert. Música, cérebro e êxtase. Como a música captura nossa imaginação, Rio de Janeiro, Objetiva,1997.
LACAN, Jacques. O Seminário livro 8, A transferência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1992.
LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. Rio de janeiro: Editora 34, 1994.Tradução de Carlos Irineu da Costa.
LEPECKI, André. Exhausting Dance: performance and politics of movement. New York: Routledge, 2006.
LIGNELLI, César. A produção de sentido a partir da dimensão acústica da cena: uma cartografia dos processos de composição de Santa Croce e de O Naufrágio. 2007. 269 f. Dissertação (Mestrado em Artes)-Universidade de Brasília, Brasília, 2007.
MURRAY SCHAFER, Raymond. Educação Sonora. São Paulo: Melhoramentos, 2011.
MURRAY SCHAFER, Raymond. Ouvircantar. 75 exercícios para ouvir e criar música. São Paulo: Editora Unesp, 2008.
NADAI, Carolina Camargo de. Gambiarração: poéticas em composição coreográfica. 2017. Tese (Doutorado em Teoria e Prática do Teatro) - Escola de Comunicações e Artes,Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017. doi:10.11606/T.27.2017.tde-30052017-142002. Acesso em: 2020-09-05
OBICI, Giuliano Lamberti. Gambiarra e experimentalismo sonoro. 2014. Tese (Doutorado em Musicologia) - Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. doi:10.11606/T.27.2014.tde-30102014-153449. Acesso em: 2020-09-06.
PAPADOMANOLAKI, Maria. Listening In/Listening Out: reflections on a certain geography workshop held at the university of hull. Soundscape: Sound + Environment: Sonic Explorations, Carbondale, v. 18, n. 1, p. 34-37, jan. 2019.
ULMER, Jasmine B.. Writing Slow Ontology. Qualitative Inquiry, [S.L.], v. 23, n. 3, p. 201-211, 8 jul. 2016. SAGE Publications. http://dx.doi.org/10.1177/1077800416643994.
SCHAEFFER, Pierre. Tratado de Los Objetos Musicales. 2. ed. Madri: Alianza, 2003. Tradução para espanhol de Aracelli Cabezon de Diego.
STOCKER, Michael. Hear Where We are: sound ecology and sense of place. Lagunitas: Springer, 2013.
1.2 - Bibliografia do projeto de pesquisa:
ARAÚJO, Antônio. O processo colaborativo no Teatro da Vertigem. Sala Preta, v. 6, p. 127-133, 28 nov. 2006.
ARAÚJO, Miguel Almir Lima de. Os sentidos da sensibilidade e sua fruição no fenômeno do educar. Educação em Revista, [s.l.], v. 25, n. 2, p.199-221, ago. 2009. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0102-46982009000200009.
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 2. ed. São Paulo: Editora Martins Pontes, 1997. Tradução feita a partir do francês por Maria Emsantina Galvão G. Pereira revisão da tradução Marina Appenzeller.
BAUDRILLARD, Jean. Simulacro e Simulações. Lisboa: Relógio D'água, 1991. Tradução de Maria João da Costa Pereira.
BOURRIAUD, Nicolas. Estética Relacional. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2009. Tradução Denise Bottmann.
CASTRO, Eduardo Viveiro de. Metafísicas Canibais: elementos para uma antropologia pós-estrutural. São Paulo: Ubu Editora, 2018.
CINTRA, Fabio Cardozo de Mello. Voz e musicalidade na formação do ator. Sala Preta, v. 7, p. 47-50, 28 nov. 2007.
CINTRA, Fabio Cardozo de Mello. A musicalidade como arcabouço da cena: caminhos para uma educação musical do teatro. 2006. 213 f. Tese (Doutorado) - Curso de Artes Cênicas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
DELEUZE, Gilles; GUATARRI, Félix. O Anti Édipo: capitalismo e esquizofrenia. São Paulo: Editora 34, 2010. Tradução de Luiz B. L. Orlandi.
EUGÊNIO, Fernanda; FIADEIRO, João. Jogo das perguntas: o modo operativo. Fractal: Revista de Psicologia, [s.l.], v. 25, n. 2, p.221-246, ago. 2013. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1984-02922013000200002 .
FÉRAL, Josette. Além dos limítes: a teoria e prática do teatro. São Paulo: Perspectiva, 2015. Tradução de Jacó Guinsburg.
LEPECKI, André. 9 variações sobre coisas e performance. Urdimento, [s.l.], v. 02, n. 19, p. 95-101, 28 jan. 2019. Universidade do Estado de Santa Catarina. http://dx.doi.org/10.5965/1414573102192012095 .
LIGNELLI, César; LUCAS, João. DeBanda e a máquina contemporânea. Revista VIS: Revista do Programa de Pós-Graduação em Arte, v. 17, n. 2, p. 152-172, 1 out. 2018.
LIGNELLI, César. DeBanda: catálogo português. CATÁLOGO PORTUGUÊS. 2019. Disponível em: https://issuu.com/espetaculodebanda/docs/catalogo_debanda_portugues?fbclid=IwAR1lFv-jlLTnLJxCSf9bxTu7P7S4ujYZ_QLmI5_JgSNawQbxWuwGrBcUV7M . Acesso em: 13 maio 2020.
LIGNELLI, César. Sonoplastia: breve percurso de um conceito. Ouvirouver, [s.l.], v. 10, n. 1, p.142-150, 15 dez. 2013. EDUFU - Editora da Universidade Federal de Uberlândia.
LIGNELLI, César. Sons & cenas: apreensão e produção de sentido a partir da dimensão acústica. 2011. 350 f. Tese(Doutorado em Educação)—Universidade de Brasília, Brasília, 2011.
PETRINI, Carlo. Slow Food Nation: why our food should be good, clean, and fair. New York: Rizzoli International Publications, 2013.
PORTINARI, Folco. Manifesto Slow Food. Disponível em: http://www.slowfoodbrasil.com/slowfood/manifesto . Acesso em: 1 fev. 2020.
PRAZERES, M. Jornalismo lento Mapeando tensões entre velocidade e comunicação em ambientes digitais. PAULUS: Revista de Comunicação da FAPCOM, v. 2, n. 4, p. pág. 125-140, 5 set. 2018.
SCHAFER, R. Murray. A Afinação do Mundo. 2. ed. São Paulo: Editora Unesp, 2011
SLOW FOOD. Bom Limpo e Justo: Manifesto Slow Food Para a Qualidade. 2007. Disponível em: http://www.slowfoodbrasil.com/campanhas-e-manifestos/38-manifesto-bom-limpo-e-justo . Acesso em: 1 fev. 2020.
1.3 - Bibliografia Revisada a partir das Ferramentas utilizadas:
BOURRIAUD, Nicolas. Estética Relacional. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2009. Tradução Denise Bottmann.
CASTRO, Eduardo Viveiro de. Metafísicas Canibais: elementos para uma antropologia pós-estrutural. São Paulo: Ubu Editora, 2018.
CINTRA, Fabio Cardozo de Mello. Voz e musicalidade na formação do ator. Sala Preta, v. 7, p. 47-50, 28 nov. 2007.
LEPECKI, André. 9 variações sobre coisas e performance. Urdimento, [s.l.], v. 02, n. 19, p. 95-101, 28 jan. 2019. Universidade do Estado de Santa Catarina. http://dx.doi.org/10.5965/1414573102192012095 .
LIGNELLI, César; LUCAS, João. DeBanda e a máquina contemporânea. Revista VIS: Revista do Programa de Pós-Graduação em Arte, v. 17, n. 2, p. 152-172, 1 out. 2018.
LIGNELLI, César. Sons & cenas: apreensão e produção de sentido a partir da dimensão acústica. 2011. 350 f. Tese(Doutorado em Educação)—Universidade de Brasília, Brasília, 2011.
PETRINI, Carlo. Slow Food Nation: why our food should be good, clean, and fair. New York: Rizzoli International Publications, 2013.
SCHAFER, R. Murray. A Afinação do Mundo. 2. ed. São Paulo: Editora Unesp, 2011
1.4 - Críticas e modificações do antigo pré-projeto
O pré-projeto utilizado para a entrada no Programa de Pós Graduação em Processos Composicionais para a Cena do Departamento de Artes Cênicas já apresentava o mesmo objetivo composicional, todavia, utilizava-me de outros recursos para a organização do tema.
Nota-se que o meu pré-projeto “A aplicação dos conceitos do Movimento slow em exercícios de escuta para a criação de cenas” utilizava como fundamento para a relação entre não-humanos e a escuta um movimento específico que é, justamente, o movimento slow, como explico neste trecho do projeto supracitado:
Portanto, com o intuito de buscar pistas a essa questão, pretende-se construir uma interlocução com o movimento slow . Esse movimento nasce na gastronomia italiana na década de 60, como oposição política aos fast-foods - modelo industrial de produção de alimentos - e tem hoje seu pensamento aplicado em diversas áreas, como jornalismo ( slow-journalism ) e moda ( slow-fashion ). O movimento slow levanta três conceitos interconectados para a qualidade de seus produtos: Ser bom, limpo e justo (PETRINI, 2013). (MAYER, 2020, p.2)
Todavia, percebi que, frente às características tão específicas do objeto de estudo e as inquietações que me trouxeram, poderia ser eficiênte ampliar essa proposta, a partir das peças que analiso, novas bibliografias e outros exercícios de escuta; deixando que esses materiais e suas características me trouxessem os conceitos, técnicas e procedimentos. Assim pude ficar menos atrelado a uma agenda específica de uma movimento específico. Saliente-se que não deixarei para trás alguns conceitos do movimento slow, ao discutir o trabalho de Jérôme Bel precisarei utilizar conceitos do movimento, mas de uma forma mais ampla englobando o conceito de slower-ontology de Gaston Bachelard e slow-ontology de Jasmine Ulmer.
Ressalto também os meus estudos do Modo Operativo And no curso de verão 2019 do AnD Lab - Anthropology and Dance Laboratory - em que pude organizar uma miríade de conceitos que abordo em meu pré projeto e que, de forma direta e indireta, continuam importantes. Um dos espetáculos analisados na pesquisa atual é From Afar Was an Island. De Perto uma Pedra (2018), de João Fiadeiro que utiliza conceitos e métodos composicionais relacionados com os que estudei neste curso. Dessa forma esse material continua na pesquisa porém de forma diferenciada, em meu pré-projeto utilizava desses conceitos para explicar o que acreditava ser processo colaborativo, hoje utilizo para explicitar o processo composicional da peça supracitada, como João Fiadeiro entende os não-humanos e como seus exercícios são aplicados a partir da escuta.
Finalmente sublinho que com a retirada do protagonismo do movimento slow da pesquisa também retirei a discussão a partir de Baudrillard sobre o tempo as simulações e o simulacro. Pretendo deixar de lado discussões sobre verdade e representação focando em outros pensamentos filosóficos encontrados a partir das novas ferramentas de busca.
1.5 - questão bibliográfica - Impacto das novas ferramentas de busca e de análise de tese/dissertação para pesquisa
As três teses/dissertações analisadas durante o exercício dois da presente disciplina trouxeram novas possibilidades para a pesquisa em questão. A partir deste exercício pude conhecer uma série de pesquisadores contemporâneos e brasileiros que, de alguma forma, corroboram com a minha pesquisa.
Desta maneira encontrei uma parceria conceitual, a partir da semelhança dos objetos propostos, com os autores que discorrem sobre a gambiarra - Carolina Molina e Giuliano Obici -, estes consideram que a gambiarra é uma forma de ler modos de fazer frente aos materiais e dispositivos. Considero que o referido conceito é importante para a pesquisa, pois, a partir dele foi possível delimitar, com um pouco mais de acurácia, os limites do que estou estudando, a relação de escuta entre humanos e não-humanos. Percebo agora esse processo menos como uma ideia e mais como um modo de fazer.
Para abarcar esse modo de fazer a partir da pesquisa bibliográfica, encontrei nas referências bibliográficas dos autores supracitados algumas intersecções interessantes, os dois livros de Michel Certeau - A invenção do Cotidiano volume 1 e 2 (2012) - e as obras referentes à série capitalismo e esquizofrenia dos autores Deleuze e Guattari - o Anti-Édipo (2011) e Mil Platôs (2008). Percebi nas análises destes livros, vale ressaltar que foi utilizado a mesma análise feita no exercício dois, exceto em Anti-Édipo (2011) que já era utilizado no meu pré-projeto, que havia uma necessidade, para um melhor reconhecimento do objeto da minha pesquisa, uma volta aos estudos do materialismo, portanto, voltei a análise do livro Estética Relacional de Nicolas Bourriaud (1998) que já utilizava no meu projeto e, a partir da análise de sua bibliografia, percebi que poderia ser profícuo adentrar também em Ideologia Alemã de Karl Marx (2001) e Para un Materialismo Aleatório de Louis Althusser (2002).
A partir deste primeiro esboço vislumbrei uma possível perspectiva filosófica para o trabalho o pós-humanismo. Esse conceito guarda-chuva que engloba o neo-materialismo, proposta filosófica que advém da filosofia materialista, a partir, dos escritos de Althusser e relacionando-se com Deleuze e Guattari e seus conceitos de rizoma e cartografia projetando, assim, uma “[...]enfatização das materialidades dos corpos imersos em relação de poder.” (DOLPHIJN, TUIN, BRAIDOTTI 2012, p.21). A partir do pós-humanismo também penso a ontologia orientada a objetos, doravante OOO, pensamento constituído por Graham, em que o próprio, em uma entrevista, apresenta os atributos abaixo:
Duas características da OOO me parecem as mais importantes, embora, enquanto um grupo, nós apenas concordamos com a primeira delas. Essa é a ideia de uma “Ontologia Plana” (Flat Ontology), significando que todos os objetos são igualmente objetos, mas, acima de tudo, que todos os seres humanos não são ontologicamente diferentes em tipo daqueles não-humanos, como se o universo fosse dividido em dois, e apenas dois, tipos básicos de coisas. A segunda característica da OOO, crucial para mim, embora não encontrada em Bryant, por exemplo, é a noção de que existem exatamente dois dualismos governando o universo. O primeiro é a famosa distinção da OOO entre o real retraído (withdrawn real) e o reino diretamente acessível da percepção, enquanto o segundo é a fronteira igualmente importante entre os objetos e suas qualidades. (2019, p.136)
Influenciado pelo pensamento de Graham e a OOO percebi que para a construção do pano de fundo filosófico um pouco mais coerente para o trabalho poderia ser interessante utilizar-me do estudo de Martin Heidegger sobre Kant e as coisas em Que é uma Coisa? (1998).
Neste momento encontrei uma tese de doutorado de Mikro Nikolic chamada Minoritarian ecologies: performance before a more-than-human world (2017) em que os mais-que-humanos, coisas ou não-humanos - parte fundante do objeto de pesquisa - começou a ficar mais delineado. Após analisar as bibliografias e com o auxílio dos sites de busca de livros e artigos passados na aula de metodologia de pesquisa encontrei em alguns estudos ecológicos, como o Manifesto-ciborgue de Donna Haraway (1985) e Jamais Fomos Modernos de Bruno Latour (1994), uma discussão intensa sobre o distanciamento criado pela modernidade entre natureza e cultura que acredito poder ser acrescentar na delineação do objeto de pesquisa.
Creio que seja importante colocar em relevo que eu não tenho desejos, muito menos atribuições, para constituir uma pesquisa filosófica. Por isso há um cuidado para não perder de vista os estudos composicionais, para tal, analisei o trabalho André Lepecki sobre os projetos artísticos relacionados com objetos a partir do já estudado no projeto de pesquisa 9 Variações Sobre a Coisa (2019), e por conseguinte, Singularities Dance in Age of Performance (2016) e Exhausting Dance Performance and Politics of Movement (2006). Também dediquei-me ao estudo do livro sobre as composições do coreógrafo Jérôme Bel, Jérôme Bel: Dance, Theater and the Subject (2017), de Gerald Sigmund, o texto base - Se Não Sabe Porque é que Pergunta? (2017), escrito por João Fiadeiro e Romain Bagé - do livro Anatomia de uma Decisão de João Fiadeiro (2019), e revisar o texto DeBanda e a máquina contemporânea (2019) de César Lignelli e João Lucas.
A partir destes estudos tive que, novamente, relacionar-me com outros conceitos da ciências humanas, como o conceitos de Slow Ontology, desenvolvido por Jasmine Ulmer, a partir do conceito de Slower Ontology de Gaston Bachelard e dos seus estudos do movimento slow. Os conceitos de re-parar, and e adiar o fim de Fernanda Eugênio. E, por fim, ao entendimento polissêmico do conceito de dispositivo a partir de Deleuze, Foucault e Agamben.
De tal sorte, parte do meu objeto já começou a adquirir uma multiplicidade, cabe a mim continuar a pesquisa bibliográfica neste sentido para compreender outras virtualidades e organizações teóricas sobre o tema coisas, não-humanos e mais-que-humanos. Todavia, meu objeto de pesquisa leva em consideração quais seriam as operações necessárias para uma escuta destes objetos visando uma construção de cena.
Portanto organizei uma segunda parte da pesquisa bibliográfica referente aos estudos do som e do conceito de escuta. Iniciei esse âmbito separando o conceito de ouvir e escutar, processo presente no livro Tratado de los Objectos Sonoros de Pierre Schaeffer. Nesse sentido tive o auxílio da aula do dia 14 de outubro da presente disciplina em que o professor Marcus Mota compartilhou uma bibliografia acerca do som e suas possíveis interseções com o teatro.
Após uma pesquisa sobre a bibliografia trazida pelo professor e outros a partir de uma pesquisa em sites de busca de livros, com o objetivo de delinear com mais justeza a relação ouvir/escutar encontrei os livros Música, Cérebro e Êxtase de Roubert Jourdain (1997), Hear Where We Are de Michael Stocker (2013), Spatial Hearing: The Psychophysics of the Human Sound Localization (1997) de Jens Blauert, Sonic Experience (2006). Esses livros, para início de pesquisa, me auxiliarão no para delimitar essa diferença. Juntamente aos livros supracitados pude encontrar os artigos da revista Soundscape como: The Nature of Hearing and Hearing Loss de Kathryn Arehart (2005), Listening In/Listening Out: Reflections on A Certain Geography Workshop Held at the University of Hull de Maria Papadomanolaki (2019) e Listening as Reciprocity: Heidegger’s Appropriation in Being-Time de Andrea Dancer (2015).
Além dos livros retirados da experiência supracitada, pesquisei também livros que trabalham a escuta na psicanálise a partir do livro Intersubjetividad y clínica (2003) de Luis Hornstein, Recomendações aos Médicos que Exercem Psicanálise (1912) de Sigmund Freud e Crítica da Contra-transferência In: O Seminário. Livro 8 - A Transferência (1961) de Jacques Lacan.
Nestas pesquisas frente a polissemia do termo escuta em escopos tão diferenciados, pude encontrar um material acerca da escuta no âmbito da antropologia etnográfica a partir dos artigos Doing anthropology in sound (2004) de Steven Feld e Donald Brenneis , Um antropólogo debaixo d’água: Paisagens Sonoras Imersivas, Ciborgues Submarinos e Etnografia (2016) de Stefan Helmreich e Hearing Cultures: Essays on Sound e Listening and Modernity (2004) de Veit Erlmann.
Cabe ressaltar que não sei se/como, utilizarei os escritos que estão indicados acima, mas que todos eles já fazem parte desta caminhada que apresenta ainda mais um ano e meio de estudos.
Saliento também que meu objeto de pesquisa não visa apenas conectar os estudos sobre não-humanos com estudos sobre escuta, mas sim encontrar modos de fazer isso. Portanto os estudos do compositor John Cage, escrito por Peter Jader, em John Cage and Buddhist Ecopoetics (2013), os livros de Raymond Schafer - O Ouvido Pensante (1992) e A Afinação do Mundo (2011), já usados no projeto de pesquisa -e agora, OuvirCantar – 75 exercícios para ouvir e criar música (2018) e Educação Sonora (2011)- além dos estudos de exercícios da tese de doutorado de César Lignelli, Voz em Cena(2011) já usados no meu pré-projeto serão valiosos como um norteamento das organizações dessas ideias e, também, como propulsor de novas.
Frente essa miríade de conceitos percebo uma complexificação do meu objeto de pesquisa, percebo que terei um trabalho de separação do que, de fato, é o objeto, diferenciando do que acredito-que-seja-o-objeto, e, sem dúvida, é muito trabalho a ser feito. A análise de livros a partir do sumário e entendimento da bibliografia facilitou para a constituição desse pequeno arcabouço teórico que, acredito eu, estar apenas no início. Por fim, os sites de busca foram fulcrais para poder haver essa bibliografia mais recente, sem dúvida, essa foi a primeira possibilidade para outrar-me.
2.1 - Metodologia para a pesquisa: Propostas que acredito que serão utilizadas.
Para dar conta da questão “como você vai fazer sua pesquisas, interrogando seu objeto. questionário. vídeos, etc. Programar atividades” - trazida nas instruções do presente trabalho - inicio esse segundo momento apresentando as propostas que acredito que serão utilizadas. É fácil perceber que estão sendo utilizadas poucas formas metodológicas até agora, porque sei que há, ainda, diversas contradições e confusões na delimitação do objeto de pesquisa. Desta forma, as escolhas erradas na metodologia poderão amplificar os ruídos já presentes no entendimento da pesquisa.
Portanto, a primeira metodologia que irei utilizar será, justamente, a pesquisa bibliográfica. Em um ponto de vista pessoal, a pesquisa bibliográfica está me auxiliando a tornar esse objeto de pesquisa mais delineado, multiplicando suas possibilidades em diversos âmbitos, podendo diversificar os campos de estudos, perceber novos métodos e acarretando em uma perspectiva de análise do modo de operar a escuta a partir de não-humanos, coisas ou mais-que-humanos. Logo essa metodologia, além de auxiliar a escrita da dissertação, auxilia também os próximos passos que tomarei.
Outra proposta metodológica que utilizarei, pelo menos até agora acredito que sim, são os testes laboratoriais desse modo de fazer para a construção de cena. A partir deste modo de fazer estou organizando exercícios, tendo como base os conceitos e experiências encontradas na bibliografia em construção para, assim, ofertar uma disciplina, em conjunto e supervisão do orientador, TEAC - Técnicas Experimentais em Artes Cênicas - e analisarei os resultados a partir de como os alunos da graduação em artes cênicas pelo Departamento de Artes Cênicas do Instituto de Artes da Universidade de Brasília se relacionam com os exercícios em questão.
Para poder realizar uma análise dos resultados obtidos por esta disciplina utilizarei gravação das aulas, fotos dos exercícios e entrevistas semi-estruturadas com os alunos matriculados na disciplina supracitada. Com as respostas que encontrarei na presente disciplina poderei descobrir:
1- Se essa modo de operar a escuta a partir de coisas, de fato, pode ser uma ferramenta para construção de cena.
2- Quais exercícios realmente funcionaram para aquele grupo e quais funcionaram parcialmente ou não funcionaram, visando os fins artísticos.
3- Se, nesta perspectiva, os exercícios grupais ou individuais geram maior engajamento com os alunos.
4- Se essas ferramentas constituem uma estética específica ou se ela pode ser desdobrada em diversas estéticas.
5- Quais as maiores dificuldades dos alunos que esses exercícios podem auxiliar.
Por enquanto essas perguntas servem a pesquisa, todavia, elas podem mudar a depender das novas descobertas bibliográficas e/ou a partir das ferramentas metodológicas que apresentarei a seguir como possibilidades para a pesquisa.
3.1 - possibilidades.
Esta é uma zona nebulosa e turbulenta para mim, em que estas propostas podem ser descartadas ou aplicadas completamente ou, ainda, parcialmente a depender do diálogo com o orientador e com a relevância do método a partir do objeto. Como comentei anteriormente, sei que há certas contradições e ruídos na delimitação do objeto - abordarei essas questões em coisas a definir (3.2) e inquietações (3.3) - que podem acarretar em uma confusão ainda maior a depender das metodologias aplicadas, portanto, segue alguns esboços e ideias de metodologia para a aplicação.
A primeira possibilidade é pesquisas de entrevistas dos coreógrafos Jérôme Bel e João Fiadeiro a partir de sites de busca da internet - sites como YouTube e Vimeo - em que sejam comentados seus processos composicionais. Para que, então, eu possa organizar a minha própria entrevista com esses coreógrafos.
Por meio de ferramentas de busca de vídeos e a partir das leituras dos textos da bibliografia pretendo buscar outros espetáculos que apliquem, em alguma instância, um processo que corrobore com o já citado objeto de estudo.
Também pretendo analisar as peças Nom Donné par L’auteur (1994), de Jérôme Bel e From Afar was an Island. De Perto uma Pedra (2018), de João Fiadeiro e, por fim, DeBanda (2019) de César Lignelli. Para isso, utilizarei tabelas a partir da minutagem.
Na primeira tabela tentarei, a partir das ações, estabelecer quais momentos a escuta está aberta para ouvir o ambiente (STOCKER, 2013) e quais momentos ela está focalizada em uma coisa específica. Utilizarei outra tabela para identificar como essas sonoridades são retiradas de cada não-humano- por exemplo, batendo na parte traseira do não-humano, ou utilizando outro não-humano contra o primeiro não-humano para realizar esse som. Por fim uma terceira tabela que tenta estabelecer características das paisagens sonoras aplicadas na cena - se são utilizados sons fundamentais, marcas sonoras, sinais sonoros, esquizofonias, (SCHAFFER, 2011) entre outras características.
Além da proposição de análise há a possibilidade de acompanhamento do processo de apresentação do espetáculo DeBanda de César Lignelli. Durante suas apresentações posso perscrutar os processos escuta, modos de ativação das coisas e paisagem sonora a partir das apresentações, tanto antes quanto depois delas, durante o circuito de apresentações que acontecerão - já aprovado pelo programa de apresentações do Fundo de Apoio a Cultura- em escolas do Distrito Federal. Poderei organizar entrevistas semi-estruturadas enquanto acompanho esse processo.
Por fim apresentarei um modelo, ainda que rudimentar, do que acredito que será o sumário da pesquisa:
- Introdução.
1 - Conceitualização.
1.1 - Não-humanos, mais-que-humanos, coisas.
1.1.1 - Perspectiva filosófica e ecológica.
1.1.2 - Perspectiva Artística.
1.2 - Escuta.
1.2.1 - Escutar X Ouvir.
1.2.2 - Escutar a partir de não-humanos, uma perspectiva ecológica.
1.2.3 - Uma perspectiva artística.
2 - Escuta de não-humanos, mais-que-humanos e coisas uma análise de processos cênicos.
2.1 - Disponibilizar.
2.1.1 - Uma nova relação com tempo, slow-ontology.
2.1.2 - Nom Donné par L’auteur (1994).
2.2 - Inventariar.
2.2.1 - Composição em Tempo Real - CTR - e etnografia da performance situada.
2.2.2 - From Afar Was an Island. De Perto uma Pedra (2018).
2.3 - Fluxo Solidário.
2.3.1 - Relação de Embodyment a partir da escuta.
2.3.2 - DeBanda (2019).
3 - Técnicas experimentais: Exercícios e análise de resultados dos testes em alunes.
3.1 - Exercícios de escuta a partir de não-humanos.
3.2 - Análise dos resultados obtidos.
Conclusão.
3.2 - Coisas a definir.
Sem dúvidas a maior indefinição da pesquisa até o presente momento é: o quanto os processos criativos de Nom Donné par L’auteur (1994), From Afar was an Island. De Perto, uma Pedra (2018) e DeBanda (2019) são relevantes para o reconhecimento, desdobramento e validação do objeto. As peças supracitadas, de fato, cumprem um papel de exemplos do que acredito ser o objeto de pesquisa, todavia sigo com uma série de imprecisões: Seus processos criativos são os melhores para transformar em exercícios para a cena? Será que outros espetáculos são de mais fácil percepção sobre os pontos em questão?
Ainda nesse sentido preciso definir com uma segurança maior as características do objeto de pesquisa, nesse sentido se torna necessário perguntar-me: como criar exercícios de escuta? quais características posso implementar de exercícios não fundados a partir desse escopo para auxiliar esse processo? quais conceitos posso utilizar que contemple esse tipo de processo composicional, e ainda, consiga se relacionar com o outro? O aluno do TEAC.
Acerca da parte conceitual é notável, durante a leitura do presente trabalho, a dificuldade de definição do termo coisa, não-humanos e mais-que-humanos para o prosseguir da pesquisa. Percebo que esta questão se tornará, cada vez mais, relevante se/quando for feita as análises de espetáculos, justamente para que não haja nenhum mal-entendido nas leituras dos gráficos e tabelas.
3.3 - Inquietações.
Inquieto-me, também, acerca das indefinições do processo laboratorial da disciplina TEAC, por conta da pandemia do Covid-19, restam dúvidas acerca do ano de 2021. Será possível organizar os exercícios ao vivo? ou será necessário recorrer a versões digitais in-vitrum do processo laboratorial? Por isso indago-me: A presente intempérie compromete os resultados da pesquisa? quanto da pesquisa pode ficar comprometido? Quais ferramentas poderei utilizar para a apuração e mensuração em um momento como este?
Junto a isso percebo as inquietações do trabalho a partir de uma dúvida que, talvez, seja crucial para a compreensão do que é uma pesquisa acadêmica, vide minha pouca experiência no assunto, como atentar-me ao objeto de estudo mesmo quando acredito ficar mais difícil sua delimitação?
Por fim, a última inquietação que gostaria de explanar é uma inquietação positiva frente a universidade que estou fazendo essa pesquisa. No Departamento de Artes Cênicas da Universidade de Brasília existe uma pluralidade de professores que pensam, a partir de perspectivas diversas, as sonoridades da cena. Inquieta-me conhecer melhor os pensamentos desses professores, suas formações e inquietações acerca do tema. Creio que ainda tenho o que perscrutar a partir deste material diverso. E essa proximidade pode facilitar o desdobramento do presente objeto de pesquisa.
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