Exercício de análise - Isadora Lima
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA- UnB
INSTITUTO DE ARTES - IdA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES CÊNICAS - PPG/CEN
DISCIPLINA: METODOLOGIA DE PESQUISA
DOCENTE: MARCUS MOTA
DISCENTE: ISADORA LIMA RODRIGUES
Orientadora: Alice Stefânia Curi
EXERCÍCIO DE ANÁLISE DO PRÉ-PROJETO DE PESQUISA
O ANTES...
O pré-projeto inicialmente possuía como tema: PENSAR A SI É TAMBÉM PENSAR SEU COLETIVO: Marcas de corpos na performance de uma contadora de histórias.
Contextualizava-se nos conceitos e relações entre linguagem (Djamila Ribeiro, 2014), narrativa (Luciana Hartmann, 2011), e as forças que as desenham e delimitam (Djamila Ribeiro, 2017). Onde o objeto e a metodologia resultariam em um processo criativo para cena, que partiria das narrativas das mulheres do meu parentesco. A ideia era que esse processo começasse por um laboratório sensorial, onde parte do levantamento dessas narrativas seria através de entrevistas, etnografias, documentação de materiais como fotografias, cartas e a partir desse levantamento de materiais se iniciasse a construção de um texto escrito (dramatúrgico e poético) que se transbordaria em cena - um acontecimento cênico ainda não delimitado. Onde as marcas/memórias dessas mulheres mesclariam com as marcas/memórias de outras mulheres, através da performance artística de uma contadora de histórias (construção de personagem). Para que o corpo-veículo da atriz agisse enquanto memória viva, e por meio da tensão criada entre todos os elementos cênicos, surgisse a força teatral e o encontro atemporal da experiência e da construção de conhecimento/realidade desses corpos-rastros que compartilham histórias.
Percebo que antes havia um objeto quase desenhado: histórias e narrativas (por vezes de silenciamentos) de mulheres do meu parentesco.
Percebo que antes havia uma quase metodologia: levantamento bibliográfico para compor e tencionar questões que rondavam os conceitos e a cena. A investigação e a pesquisa do objeto por meio de entrevistas e documentação.
Mas...
Percebo também que antes tudo estava muito solto e com vários desejos, tanto o objeto como a metodologia estavam incertas. Havia vontade, mas ainda não havia setas para continuar a traçar e reorganizar o caminho.
O DEPOIS...
“Metodologia é um caminho para o objeto”.
“Nossos objetos são reflexos das nossas histórias e contextos”.
Essas duas frases, em especial, ditas pelo professor Marcus Mota mexeu comigo e com a forma que passei a olhar a pesquisa. Entendi que não era tão simples como parecia e também não era tão complexo como diziam.
Estava dentro, mas também estava fora.
Era preciso olhar para dentro verdadeiramente para entender o objeto de antes, ainda frágil.
Era preciso olhar para fora atentamente e investigar as orientações, os mecanismos de buscas, os meios pelos quais me ajudariam a organizar como chegaria dentro (no objeto).
Percebo agora que a pesquisa começa a mostrar-se enquanto possibilidade, tendo em mente que ainda há muito que se encontrar e se perder.
O objeto transformou-se um pouco no decorrer da disciplina de metodologia de pesquisa, o que antes era histórias e narrativas (por vezes de silenciamentos) de mulheres do meu parentesco, agora se apresenta como: cultura popular e epistemologias de vida: figuras femininas que contam suas histórias.
O exercício da entrevista e a leitura de teses e dissertações proposto na matéria foi de suma importância para entender o caminho do objeto, que já estava ali, porém escondido entre névoas. Foi escutando uma contadora de histórias da cultura popular (entrevistada por mim no exercício) que pude imaginar outros meios de dizer/contar uma história – até mesmo de mulheres do meu parentesco. Foi lendo outras autoras, que também imaginei outras maneiras de relacionar-se com o objeto de uma forma íntima, mesmo que não tão perto.
Com o desenho do objeto
mais nítido, consegui visualizar também outras maneiras e possibilidades de se
chegar até ele (objeto), escreverei aqui embaixo alguns caminhos metodológicos
levantados a partir do impacto com a matéria. [Sinto que ainda há o que ser definido
e que ainda chegarão outras possibilidades. Sei que o tempo é curto (2 anos),
mas para definir estratégias é preciso aprofundar-se.]
1- Levantamento bibliográfico: tenho usado bastante o google acadêmico e o banco da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). Atentei-me também aos anais de associações como a ABRACE (Associação Brasileira de Pesquisa e Pós Graduação em Artes Cênicas) e ao NELIS (Núcleo de Estudos de linguagem e sociedade). Tenho lido teses e dissertações que dialogam com o objeto de desejo e também alguns livros físicos como Múltiplos olhares sobre processos descoloniais nas Artes Cênicas da autora Ana Carolina Mundin. Esse ponto se transformou bastante, pois no pré-projeto constavam bastantes livros no levantamento bibliográfico e agora percebo que tenho aprofundado mais em teses, dissertações e artigos em diálogo.
2- Participação em congressos, seminários, oficinas e encontros: outro ponto importante tem sido a participação em espaços de pesquisa e estudo acerca de metodologias de pesquisa e objetos que também dialogam com a pesquisa proposta. Tenho nutrido bastante esses diálogos com outras pesquisadoras que pensem uma metodologia feminista e decolonial, que aprofundam em questões como culturas e saberes, epistemologias do Sul, entre outras.
3- Entrevistas e documentação: entrevistar mulheres e mestras de cultura popular contadoras de histórias, trabalhando com audiovisual e fotografia. Análise de espetáculos e peças teatrais. Processos criativos participante, como faço parte de um grupo de cultura popular, também quero observar como integrante metodologias que dialogam e me inspiram enquanto pesquisa.
4- Processo criativo: tenho usado e quero continuar usando
um diário de bordo para transcrever e criar memórias (como dispositivo) a
respeito do que me afeta e transpassa nesse processo de levantamento de bibliografia
– tentando fazer um diálogo entre teoria e prática. Como ainda não está sendo
possível estar numa sala de ensaio, tenho feito vídeos com esse diário de bordo,
o documentando – documentando o processo (https://1drv.ms/u/s!AkC98H4mZQyogX0fS_8yUrQr5J-k?e=VxG6a7). Quando possível,
transbordar esse caderno de memórias também em cena.
Plano de trabalho:
*Levantamento bibliográfico e aprofundamento no primeiro e segundo semestre.
*Entrevistas e documentação, levantamento dos materiais imagéticos como fotografias, vídeos e etc, no primeiro e segundo semestre.
*Escrita da dissertação, no segundo, terceiro e quarto semestre.
*Processo criativo, no primeiro ao quarto semestre.
*Qualificação no terceiro semestre.
*Defesa e apresentação de mestrado no quarto semestre.
Inquietações...
São várias, tudo me inquieta. InquietAÇÕES.
No momento sinto que as leituras (parte do levantamento bibliográfico) estão me levando aos lugares Estou entendendo aos poucos como serão os próximos passos, como por exemplo, os conceitos utilizados, os conteúdos em diálogo, as tensões entre objeto e metodologia, a forma da escrita e o transbordamento dela.
No momento entendendo o que é do agora, depois, tendo em vista o planejamento - ir adiante.
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