Análise de Pré-projeto Ivana Delfino Motta
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA- UnB
INSTITUTO DE ARTES - IdA
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ARTES CÊNICAS - PPG/CEN
DISCIPLINA: METODOLOGIA DE PESQUISA
DOCENTE: MARCUS MOTA
DISCENTE: IVANA DELFINO MOTTA
EXERCÍCIO DE ANÁLISE DO PRÉ-PROJETO DE PESQUISA
Título provisório: DANÇA SANKOFA: Por um caminho afro referenciado para um estudo do corpo co-movente
Mestranda: Ivana Delfino Motta
Orientador: Prof° Dr. Jorge das Graças Veloso
BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE A PESQUISA:
Minha pesquisa visa construir uma proposta de trabalho corporal intitulada (por enquanto) Dança Sankofa. Intenta-se organizar um conjunto de ações-reflexões para um caminho ao sul em um percurso de pesquisa corporal afro referenciado que alimente fazeres investigativos, criativos, performativos, educativos na dança e/ou em outras áreas cênico-performativas.
Terei como ignição para a pesquisa teórico- prática as motrizes (LIGIERO, 2011) de universos culturais negres e a articulação corporal de elementos das estéticas de algumas danças que compõem o meu repertório/vivência como artista: dança contemporânea, danças afro brasileiras, capoeira, improvisação e práticas somáticas. Utilizarei princípios ontológicos da Filosofia Kemética para referenciar noções de Ser e Corpo (Corpa/Corpe) como instâncias indissociáveis (Ser Corpo/ Ser Corpa/ Ser Corpe). Também assumo a perspectiva de corpo (corpa/corpe) co-movente, relacional e dinâmico que lê/cria/incorpora as experiências a partir de múltiplas transversalizações e inteligências.
Discutirei também o binômio racismo / epistemicídio como estruturadores de realidades violentas para as existências negras, refletindo impactos nestas subjetividades e analisando o universo da dança como microcosmo de um ambiente social macro, tendo foco no território brasileiro.
Pontuação de alguns objetivos:
*Fomentar uma prática afro referenciada para o estudo do corpo (corpa/corpe) sensível, poético, técnico, performativo, aprendiz na dança e outras artes cênico-performativas;
*Contribuir para o fomento de reflexões e processos plurais na área da dança;
*Suscitar questionamentos sobre o epistemicídio dos saberes afro referenciados como prática operativa das violências da colonialidade na área da dança;
*Valorizar e centralizar produções filosóficas, sensíveis, simbólicas e intelectuais advindas dos territórios culturais negros (negres) em intercâmbios com fazeres artísticos.;
*Investigar relações epistêmicas pluriversais por meio de uma pesquisa em dança;
*Lançar um olhar específico para as realidades dos Seres Corpos (Seres Corpas / Seres Corpes) negros (negras / negres) no que tange ao binômio racismo/epistemicídio, inserindo essa discussão em um processo de trabalho corporal em dança.
1- questão bibliográfica - Impacto das novas ferramentas de busca e de análise de tese/disser para pesquisa.
O meu pré-projeto inicial apresenta uma bibliografia densa e muito baseada em livros. Venho revisando este conteúdo a partir de provocações e noções trazidas pelas nossas aulas. Entendi que pesquisando o universo dos artigos, teses, dissertações posso encontrar um material valioso, entender rotas que dialogam ou mesmo se afastam do meu projeto e já foram percorridas por outras pesquisadoras/ outros (outres) pesquisadores além de me familiarizar com estas escritas que agora fazem parte da minha caminhada, aprender com a produção de outros, outras e outres. O exercício de análise de dissertações me permitiu refletir sobre a importância de elencar alguns tópicos e critérios para ter uma percepção mais efetiva daquele material, até para decidir a relação que quero e posso estabelecer com ele na pesquisa. Outra percepção que tive a partir das discussões em aula é que nem todas as bibliografias precisam obrigatoriamente ser lidas integralmente, é possível considerar que apenas trechos da obra podem ser relevantes para pesquisa. Isso foi muito libertador! hahaha. Muitas vezes há uma sinalização de autoras, autores e escritos que são fundamentais, mas, mesmo com toda a importância da obra, algo que não desconsidero, posso observar as discussões com atenção e, caso entenda pontos de pertinência, trabalhar com excertos.
Levantamos muitas ferramentas de busca, maravilhoso! Tenho utilizado mais o Academia, google acadêmico e o banco da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). Me atentei também aos anais de associações como a ANDA (Associação Nacional de Pesquisadores em Dança), ABRACE (Associação Brasileira de Pesquisa e Pós Graduação em Artes Cênicas) e ABPN (Associação Brasileira de Pesquisadores/Pesquisadoras Negros/Negras) Estou vasculhando sites dessas associações, verificando GTs, pesquisadoras/pesquisadores associados, o que muitas vezes me leva para plataforma Lattes e posteriormente à outras produções e atuações destas pessoa. Estou entrando bastante nesta trama... Neste momento ainda estou explorando pouco os repositórios internacionais e as bibliografias estrangeiras, mas é algo que está em minhas demandas para breve. Pesquisar assuntos, autoras e autores que já tenho listado e também descobrir novidades neste território, perceber produções de outras localidades mundiais.
Já na fase de escrita do pré - projeto, eu estava registrando em um documento as bibliografias acessadas e organizando as referências. Acertei nisso, meio que intuitivamente, mas é bom conscientizar e assumir como um procedimento contínuo e sistematizado.
2- questão metodológica- Como você vai fazer sua pesquisas, interrogando seu objeto. questionário. vídeos, etc. Programar atividades.
Desde a formulação do pré - projeto sinalizo a metodologia baseada na prática como centro da pesquisa e permaneço com esta perspectiva. Me referencio em autoras e autores como Linda Candy, Ciane Fernandes, André Lepecki. Acrescentando uma camada a mais a esta escolha, trago as perspectivas negras como forma de ação e rota para esta pesquisa baseada na prática, então crio diálogo com epistemologias das macumbas de Luiz Rufino, e Luiz Antônio Simas, a filosofia da ancestralidade de Eduardo Oliveira, a perspectiva ontológica da filosofia kemética, visitando escritos de Emanuel Araújo, Cheikh Anta Diop, Katiuscia Ribeiro, Renato Nogueira. Também assumo as noções de corporeidades e elementos das experiências culturais pretas versados por Julio Cesar Tavares, Inaicyra Falcão, Amélia Conrado, Renata Lima, Edileusa Santos, Leda Maria Martins, Jeremias Brasileiro, Miguel Santa Brígida entre outras, outres e outros. Mantenho tais abordagens e acho que a disciplina contribui sobremaneira para meu entendimento de ações e procedimentos. Exemplifico alguns:
* Registros em vídeo dos laboratórios de investigação (laboratórios individuais de experimentação por meio das abordagens somáticas e improvisação) já estavam previstos, entretanto ganho reflexões e caminhos para trabalhar com este material. Pretendo qualificar os protocolos de análise sinalizando textura das gestualidades/qualidades de movimentos (a partir de referenciais labanianos), um possível padrão de usos do espaço, registrar as paisagens sonoras utilizadas, imagens, sensações, vocalizações entre outras questões. Acredito que tal procedimento pode me dar uma visualização esmiuçada de como recortes simbólicos/conceituais se articulam como ignições da experiência corporal. Estas análises serão de grande valia para dar foco na construção do conjunto de ações/reflexões almejado.
Este exemplo abaixo foi o primeiro modelo de protocolo utilizado em alguns laboratórios. Pretendo inserir outras informações e organizar mais detalhadamente a divisão de critérios. (Obs: Essas divisões são postas como procedimentos analíticos, mas reforço a compreensão de uma integridade do Ser Corpo em seus aspectos em fluxo)
*O uso de um diário de trabalho descritivo, narrativo e reflexivo, está previsto desde o pré - projeto. Esta ferramenta já está sendo utilizada com a possibilidade de gerar um memorial da pesquisa e contribuir futuramente para o reencontro com algumas informações vitais no momento da escrita mais densa.
*Trabalharei com um grupo de colaboradores/colaboradoras para a fase de pesquisa- ação, onde pretendo compartilhar o conjunto de ações/reflexões delimitado desenvolvendo os procedimentos da Dança Sankofa com outros corpos (outras corpas/ outres corpes). Escolho a pesquisa - ação como forma de refletir sobre duas questões levantadas pela minha pesquisa, considerando racismo e epistemicídio com operadores estruturantes de lógicas sociais e subjetivas:
O uso de uma centralidade epistemológica negra em processos de investigação do corpo (da corpa/do corpe), seus estados de presença, arcabouço técnico-expressivo sem fixação na estética específica das danças afro brasileiras, danças negras e/ou afro contemporâneas. (Circulação das epistemologias pretas em diferentes espaços da dança; Validação epistêmica, validação da humanidade preta e sua participação na construção dos conhecimentos da humanidade);
Relação do conjunto de ações/reflexões da Dança Sankofa com as subjetividades pretas (pretes). (revisão cultural, simbólica, estética, histórica; revisão de narrativas pré-discursivas colonizadoras sobre saberes e existências pretas [pretes]; existências pretas além dos açoites da escravidão e da desumanização)
*Por ter o interesse em fomentar uma prática corporal que dialogue com processos criativos, performativos e educativos, trabalharei com um grupo de artistas pretas (não necessariamente bailarines) em um espaço que já tenho atuação (Quilombo Abayomi) e com jovens e adolescentes em ambiente escolar (a definir), priorizando um grupo onde existam presenças pretas (pretes). Para esta fase, também estão previstos registros em vídeos/fotos (produzidos por mim) e diário de trabalho (produzidos por mim e pelos/pelas colaboradoras) que serão analisados posteriormente por protocolos similares aos utilizados nas etapas anteriores.
3- inquietações, coisas a definir, possibilidades.
*Quando formulei a proposta de pesquisa estava segura porque entendia bases suficientemente fortes para impulsionar o seguimento da investigação. Agora já tenho encarado algumas problematizações preciosas e importantes trazidas pelo meu orientador, Prof. Graça Veloso, que me deixam em um terreno muito movediço. Desde o título da pesquisa, autoras, autores, algumas palavras e termos que, quando olhados com um senso mais crítico, são deveras frágeis… enfim, momento de um revisão bem profunda.
*Estou revendo o cronograma, mas acredito que a formulação inicial não estava muito equivocada. Mesmo com algumas adversidades que a pandemia trouxe para meus planos iniciais, sigo realizando os laboratórios de investigação individual, registrando e desenvolvendo as primeiras análises. As leituras estão muito intensas e já sinto desejo de escritas, algo que venho realizando ainda sem muita organização de cronologia ou argumento. Lembrei da fala de Marcos em nosso último encontro, sobre a escrita amadurecer também pela experiência de produzir textualmente alguns “cacos” ou “retalhos”. Tenho um arquivo criado exatamente com estes nomes, rsrsrs.
*Recebi alguns convites nestes últimos meses para participar de projetos ou iniciativas que me permitiram discutir elementos da pesquisa, compondo algumas mesas de diálogos ou mesmo já experimentando algumas ações-reflexões pesquisadas e minimamente organizadas. Esses momentos tem sido bem importantes para receber algumas devolutivas, gerar tensionamentos e me investigar agindo com a proposta Dança Sankofa, ou com o que tenho dela hoje (mesmo que seja tudo bem plástico e temporário). Responder a estes convites me impulsionou a delimitar algumas escolhas e isso já me fez assumir dois procedimentos como constituintes das ações/reflexões da proposta Dança Sankofa.
*Já estou viabilizando datas para desenvolver o trabalho de pesquisa-ação como primeiro grupo de colaboradoras, as artistas do Quilombo Abayomi.
*Compartilho neste espaço o exercício de sumarização (ainda em construção) da pesquisa proposto pelo meu orientador, Prof. Graça Veloso. Também recebi contribuições do Prof. Rafael Vilas Bôas no desenvolvimento desta atividade:
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE ARTES- IdA
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ARTES CÊNICAS - PPG/CEN
Orientação de Mestrado: Exercício de Sumarização da Pesquisa
DANÇA SANKOFA: Por um caminho afro referenciado para um estudo do corpo co-movente
Mestranda: Ivana Delfino Motta
Orientador: Prof° Dr. Jorge das Graças Veloso
INTRODUÇÃO
MINHA IMPLICAÇÃO
1 - Trajetória Ancestral de Sankofa para Tecnologias de (Re) Existência
1.1- Sankofa, Maafa e diáspora negra/negre brasileira;
1.2 Sankofa como possibilidade criativa: dobras e síncopes;
2 – Saberes negros/negres dinamizando processos
2.1- O binômio racismo/epistemicídio: invisibilidades, apagamentos e saberes negros/ negres na dança;
2.2 - Corpo/Corpa/Corpe co-movente: diálogos multidirecionais;
2.3 – Ser Corpo/Corpa/Corpe na perspectiva ontológica da Filosofia Kemética;
2.4 – Corpo/Corpa/Corpe e subjetividades negres;
2.5 – Corpo/Corpa/Corpe como território de saberes da experiência;
2.6 – Pluriversalidade, epistemologias pretas e processos em dança;
3 - Dança Sankofa: noções e práticas:
3.1 - Rotas investigativas;
3.3 - O conjunto de ações/reflexões e a gira da Dança Sankofa.
CONSIDERAÇÕES NA ENCRUZILHADA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXOS
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