Entrevista com Palhaça Rubra (Lú Lopes) - entrevistada por Caísa Tibúrcio

 

Entrevista com Lú Lopes – Palhaça Rubra.

 

1- Você poderia se auto apresentar e falar um pouco sobre sua pesquisa e percurso como artista?

Eu sou a Lú Lopes. Filha de uma educadora, dona de escola e de um comerciante que queria ter sido artista, o Neném. Dele eu herdei a musicalidade, a comicidade a poética, o gosto pela palhaçaria. Porque foi ele que me levou, me levava muito no circo, assistia comigo “Torresmo e Pururuca” na televisão. E da minha mãe eu herdei da escola dela os livros do Arrelia com as lendas do todos os cantos do Brasil e herdei a pedagogia prática né, porque eu vivi com a minha mãe dentro da escola dela e ajudava muito desde passar provas e apostilas no mimeógrafo até com as próprias crianças ajudando os professores no recreio. Então, eu venho dessa mistura. Aos 7 anos de idade eu tive uma experiência inesquecível numa das 16 escolas que eu estudei. Que foi fazer um espetáculo, uma peça de teatro do Sítio do Pica-pau Amarelo e esse espetáculo processo de espetáculo foi muito importante na minha vida porque eu tinha questões sociais. Eu era muito quieta na escola naquele momento, né da minha vida e nesse processo, eu ganhei o papel da Tia Nastácia do “Sítio do Pica-pau Amarelo” que eu amava gerou uma inteligência criativa desde o começo. Porque eu sou branca, de cabelo claro, o olho verde e tive muita vontade de me parecer com a Tia Nastácia que eu tanto amava. Isso já gerou uma inteligência criativa. Eu lembro do preparo, né tudo para me parecer com ela para representar essa personagem, né e no dia da apresentação a Narizinho esqueceu as falas e ficou todo mundo paralisado os professores, as crianças. Lembro exatamente desse instante. E eu, naquele instante tive uma iluminação criativa, né. Eu entrei em cena sem pensar e comecei, como Tia Nastácia, a improvisar com a Narizinho. E eu lembro as ideias vindo na minha cabeça com fluxo criativo enorme e as pessoas começaram a rir e eu percebi que eu era engraçada e que eu tinha essa capacidade de ter ideias instantâneas. Em conexão, né em relação com a arte. Porque eu lembro que depois disso eu experimentei isso na música, na aula de música. Eu lembro que eu comecei a inventar letras em cima de melodias que eu conhecia. Eu lembro que esse instante aí gerou muitos desdobramentos, assim como nas artes plásticas também. Então a partir dessa experiência, né eu brinco que salvou minha vida social na escola porque a partir daí as meninas começaram a me chamar para ir para casa delas, eu tendia a viver bullings, né. A minha vida inteira até hoje, dependendo de onde eu chego. E os meninos começaram a me chamar para jogar totó, trocar figurinha aí comecei a ser chamada para as festas de aniversário e isso foi tão forte para mim que desde então eu me percebo na pesquisa e experiências artísticas. E eu hoje com 50 anos continuo nisso, né? A potência do improviso ganhou a ponta da flecha e aí eu comecei a transitar pelas artes, experimentando coisas na escola, né... movimentos artísticos na escola da minha mãe.

Depois, entrei para a minha primeira escola de teatro da Eugênia Teresa Mikalinze e fui convidado a me retirar porque eu me expressava muito, questionava muito. Depois eu entrei me formei no teatro escola Célia Helena e entrei para o grupo de estudos da Lígia Cortez direcionado à arte educação para criança e fui convidada a entrar para o time de professores, de arte-educadores, né na casa do teatro que é escola de teatro Célia Helena para crianças e adolescentes. Onde eu fiquei 11 anos como arte-educadora e desenvolvendo uma linguagem de composição musical com as crianças. De criação de espetáculo onde elas experimentar um circuito artístico, para criação de uma peça, né que a linguagem da casa do teatro. Depois eu fui... para... sair de lá.... aí fiquei durante.... conheci a palhaçaria com Cristiane Paoli Quito no final do Célia Helena. Então eu.... durante esse período também fazia parte do...estudei muitos anos com a Cristiane Paoli Quito, mestra de palhaçaria aqui em São Paulo, com a Tica Lemos, no “Nova Dança 4”, fiz parte da companhia “Nova Dança 4”, como improvisadora, criando uma dramaturgia improvisada para os “Doutores da Alegria”. Fiquei 6 anos com os “Doutores da Alegria” e fui começando.... Foi aí que eu comecei a compor oficialmente músicas. Eu já tinha feito violão... tinha feito dois anos de violão aos 13 e 14 anos e depois nunca mais tinha tocado, né? Aprendi o básico e eu fui retomando aos poucos o violão para compor músicas para o hospital, né... para levar para as crianças no hospital e, também para esquetes e para o meu próprio filho. Que o compõem a bastante para ele e assim eu fui retomando as minhas músicas e desenvolvendo as minhas composições a partir dos “Doutores da Alegria”, né.

Depois disso, eu também entrei para o “Jogando no Quintal” e como eu tocava... sou capoeirista e sou meu primeiro instrumento foi o berimbau e as percussões da capoeira, né... o atabaque, agogô, pandeiro. Eu como palhaça fui convidado integral o  “Jogando no Quintal”, um espetáculo de improvisação de palhaços aqui de São Paulo que ficou 11 anos em cartaz, acho que até mais... E eu entrei para bateria fui compor uma banda na bateria e eu tocava um ritmo só na bateria e a partir daí eu fui desenvolvendo os ritmos na bateria, né... meio autodidata intuitivamente. E depois disso do “Jogando no Quintal” eu criei a “Banda Gigante” tinha uma banda de palhaços para criança depois essa banda eu comecei com uma carreira solo e agora eu tenho várias formações musicais de espetáculos musicais. Eu tenho os comemorativos porque eu adoro compor e foi uma maneira que eu criei para compor...com simplicidade e espontaneidade, né. Então eu tenho um espetáculo carnavalesco. Tem o Dia das Mães, tenho um espetáculo o Juninho, o Natalino agora eu ia fazer o Halloween com músicas e histórias. O show de variedade da mesma coisa (risos). Criei o uma ópera-rock chamada “Escalafobética”, “Escalafobética - palhaça Rubra”. E tem um teaser de 8 minutos que é uma ópera-rock onde eu falo que eu dei download desse espetáculo e das canções que eu compus. E o Danilo Penteado me ajudou a levantar.

Tenho “Gramofone 2000” que é um espetáculo também atual onde eu improviso 90% do espetáculo, tendo acessórios que vão se revezando, né a cada espetáculo. Tem um programa da Tv Rá-Tim-Bum, lancei o CD pelo selo Sesc “Rubra Pop Show” que era um show musical em parceria com vários músicos e o “CD da banda Gigante” que nós gravamos na Bahia com direção do Arto Lindsay no estúdio do Carlinhos Brown no Candeal. O Arnaldo Antunes foi quem escolheu as canções da “Banda Gigante” e que virou o “Almanaque da banda Gigante” e que é um livro onde eu apresento a perspectiva para família. É um livro para família e onde apresenta a perspectiva de que a música... sobre música intuitiva que somos todos os músicos por natureza ela está dentro da gente. Nosso organismo é musical. O CD que a gente gravou na Bahia com Arto Lindsay e ganhou o prêmio Jabuti. Esse livro com esse CD, né.

Depois de todas essas produções, eu criei um programa na “TV Ra-Tim-Bum para unir todo o meu repertório, chamado: ”Rubra e as Criaturas” que a partir de um... eu escrevi três livros, né: “ O Almanaque da Banda Gigante”, o “Desmiolações”, e o “Criaturas” que eu também ilustrei e que virou música... a gente gravou as músicas,  desse livro e vários clips dentro do programa onde eu entrevisto crianças, tem os clipes das músicas que eu compus e gravei, tem brincadeiras de alta tecnologia humana, que d a gente não precisa de.... acho que tem dois brinquedos só que eu apresento que tem objetos que são muito legais e as outras brincadeiras são com nosso próprio corpo e... piadas e tudo mais e ele está diariamente na “TV Rá-Tim-Bum” já tem duas temporadas e em 2021 começa a terceira.

(Risos) Bom, essa é a minha trajetória básica. Tenho um bloco de carnaval porque eu componho marchinhas também. Eu tenho mais de 20 marchinhas por esse bloco e a gente fomenta um concurso de marchinhas autorais a 11 anos já. Chama “Nós trupica mas não cai” e agora nós saímos desse e deixamos para as pessoas e que estamos criando um novo que é o “Canta para subir”

Onde vai ter concurso de composições no próprio dia. Enfim...então eu me sinto ainda crescendo. Estou na criação de uma marca de brinquedos chamada “Brinquedos Catum - Casa de alta tecnologia humana” que somos nós, onde os brinquedos serão fundamentados na potência do improviso para gerar fluxo criativo e autonomia criativa. Estes brinquedos vêm em parceria com um método de criação de obras autorais que eu estou desenvolvendo. Para justamente gerar fluxo, consciência da nossa fonte criativa infinita e para gerar... para a gente voltar ter consciência da nossa potência criativa do nosso fluxo criativo e esse método também é fundamentado na potência do improviso! Ufa!! Quero ver você transcrever tudo isso aí...  Eu vou ser mais sucinta nas próximas, tá?


2 – Como foi o seu desenvolvimento musical? Você tem formação musical?

Essa eu já respondi um pouco anteriormente, mas eu sempre tive uma ligação muito forte com a música. Meu pai ouvia muita música dentro de casa, músicas variadas e comecei a ter meus próprios vinis, eu cantava em cima dos vinis.  Em cima de cantoras e cantores. Eu falo que foram meus primeiros professores de canto. E foi me desenvolvendo.... fiz aula de canto... Fui mandada embora... (risos) aí... sempre brinquei com música fiz dois anos de violão lá com 13, 14. Com 16 fui mandado embora da minha primeira aula, segunda aula de canto com a Nanci Miranda. Porque eu chegava atrasada. Cheguei na primeira, na segunda, na terceira. Ela falou se você chegar atrasada de novo não venha mais. Então não fui porque eu estava atrasada. Eu fiz um tempinho de canto com a Tuca Fernandes aqui. Depois disso eu participei de muitos grupos de Maracatu, cavalo marinho... fiz muitas aulas no “Brincante” de musicalidade e fui tendo uma trajetória auto didata mesmo, né... Eu aprendi a tocar um ritmo de bateria com o namorado que eu tive aos 16, 17 anos que era uma música do “Paralamas” na bateria, a partir daí eu fui desenvolvendo outros ritmos na bateria quando eu entrei para “Jogando no Quintal”. E o violão nos “Doutores” como eu coloquei... eu fui, fui indo, né... Meu primeiro instrumento fui assim, eu fui bem auto didata. Comprava aquelas revistinhas de violão e as músicas aparecem muito na minha cabeça e eu vou anotando o ritmo em gravador agora no celular e depois eu passo para algum amigo ou eu mesma vou em algum instrumento e desenvolva a música e coloca a letra. Para mim compor, a musicalidade é parte do nosso organismo... se a gente escutar... Assim como a gente enxerga as imagens criadas na nossa cabeça, os sonhos, né? Presta atenção nos sonhos, a música é assim também ela está no organismo circulando e ela vai acontecendo. Se a gente ganha uma disciplina de ouvir essa música e praticar e como realizar aquilo que a gente tá ouvindo... ela se ... a gente ganha essa disciplina, né, a gente vira um ser de composição (risos) Então eu venho ganhando parcerias, auto didatas né...Também esse com amigos parceiros. E assim a minha musicalidade vai evoluindo, né. Meu próximo passo talvez, será o piano.


3- Você acha que a sua relação com a música direcionou o seu trabalho com a palhaça?

A Musicalidade ela me despertou, me sensibilizou para.... Na verdade, eu acredito que a musicalidade, a prática do desenho. Eu desenhei muito. A prática de ouvir e contar história, a prática de brincar. Quando era criança, por horas construindo cabanas, casinhas de boneca. A prática de dançar, a prática de musicar me levou para palhaçaria. Esse conjunto de práticas artísticas.

Eu quando eu descobri a palhaçaria, a música veio como instantaneamente como um recurso, foi instantâneo. O primeiro curso de palhaço que eu fiz com a Cristiane Paoli Quito eu ganhei de um amigo meu uma cornetinha de pet com um celofane, na verdade um plastiquinho de cigarro na ponta onde colocando na boca e fazia (Bruuuu...) e tirava um som com um trompete. E a partir daí, com esse instrumento... como eu tinha uma afinação vocal... ficava igualzinho trompete... fez com que o meu primeiro espetáculo de palhaço em parceria com: César Gouveia, Luciano Bortoluzzi, Marina Quinan, Daniele Esquitini, Simone Grande chamasse “A Banda” que eram palhaços que iam fazer o teste para entrar numa banda. Eu tocava isso, fazia rap, uma percussão vocal, tocava Alfaia. E essa banda não acontecia de uma forma de uma maneira formal.

Então na verdade a palhaçaria e a musicalidade foram instantâneas para mim, mas o que me levou para palhaçaria foi a minha ligação com a comicidade mesmo. Sempre gostei muito de rir, de fazer os outros rirem e eu experimento essa potência ao extremo né? Em todas as situações, assim como a musicalidade. Ontem, na missa de sétimo dia do meu pai. Eu me segurei porque eu queria subir no altar e cantar Ave Maria em francês arcaico, com os gromelôs, né? De francês.... então em qualquer situação a palhaçaria e a música para mim elas são muito presentes. Assim como a poética né, os movimentos poéticos.

 

4- Como é o processo de composição musical da palhaça Rubra?

Meu processo de composição musical começa, como eu disse ali na primeira né? Eu escuto as músicas, eu escuto, primeiro eu escuto muita música e eu brinco muito com os instrumentos. A minha casa é um campo criativo, tem um campo criativo instaurado. Eu tenho, eu deixo a minha volta sempre instrumentos musicais diversos, papel em branco, lápis, canetinha, lápis colorido. Eu, a nossa casa aqui, sempre tem.... ela é uma “Fantástica Fábrica Criativa”, a gente tem um campo criativo instaurado com tudo que você possa imaginar, porque eu vivo em modo inspiração eu ando por pela minha casa independentemente do meu sentimento eu tenho a disciplina de... um hábito... virou um hábito saudável eu me manifestar criativamente. Então se eu acordo alegre e uma música vem na minha cabeça eu abro espaço e tempo dentro do meu campo criativo instaurado para eu realizar essa inspiração então, eu vivo para isso. Eu sempre que escuto uma música, ou um poema, um inscrito. Eu vou lá e abro esse espaço para realizar e a partir daí eu vou reconhecendo o caminho de cada obra. Então ao invés de eu já olhar, e já pá, chegar... eu vou entrando em processo e escutando as possibilidades que os processos vão trazendo para aquela célula. É um processo inverso, de reconhecer via o inconsciente e a sincronicidade. Então, às vezes, eu estou ali... fiz a letra, aí eu boto um ritmo, aí meu amigo liga, aí eu falo: “Nossa eu acho que ele é o parceiro, né... Eu vou reconhecendo as pistas que a sincronicidade do entorno, da existência trazem. Até que essa obra fique pronta. O interessante é que esse processo de reconhecimento e não idealização de uma obra, dá uma velocidade quântica. As obras ficam inteiras integradas muito, muito fluentemente.

 

5- Em que aspecto você acha que a musicalidade pode ser mote para a criação?

Eu acredito que a musicalidade, a poética, a comicidade, a potência matemática, a potência expressiva, dramatúrgica todas são mortes para criação. Eu penso que o nosso corpo integrado ganha super poderes, né? (risos). A gente já tem as nossas tecnologias humanas e conforme a gente vai ativando as potências da musicalidade, comicidade, poética, matemática, científica é todas as suas potencialidades... que quando a gente ganha consciência, vai ativando e praticando o  nosso corpo vai ser integrando e vai ganhar uma alta tecnologia humana, né?

Então, o Humberto Maturana traz esse lindo conceito “axioma”, na verdade de que somos seres auto-poiéticos e que nos auto criamos em relação com o mundo. Então nós já somos uma criação da auto-criação, né? Nós nos autos criamos, nosso corpo, nossa células, nossa respiração, nosso sangue. A gente se auto-cria em relação com o mundo.

A musicalidade é parte de um movimento de criação e não ao contrário. A gente ganhar consciência da musicalidade e não idealização de uma obra, já sendo uma potência de integração, da nossa criação potência de criação como ser humano. É lindo! A gente vê que é só ativar, não trazer ela de fora para dentro. Eu não aprendo fora para trazer dentro, e sim alguém fora me ajuda ativar uma musicalidade que já é minha, já é uma potência humana! O organismo humano, o coração ele já bate no ritmo o neném quando está dentro da barriga da mãe já escuta milhares de sons. Então essa perspectiva é maravilhosa, na verdade a musicalidade já é e a gente vai reconhecendo no decorrer da vida.

 

6- Você acha que as figuras tradicionais do “palhaço cantor” e o “excêntrico musical” influenciam ou inspiram o seu trabalho?

Eu sempre tive uma identificação muito grande com palhaços musicais eles influenciam completamente.     Qualquer figura musical sempre me inspirou desde desses palhaços excêntricos musicais, cantores cômicos, os filmes do Jerry Lewis onde ele cantava. Que isso era uma potência dele, os clássicos de circo, as figuras musicais em geral cômicas me inspiram. O cantor de churrascaria, artistas de rua, qualquer, qualquer artista que tem a comicidade e a musicalidade como dupla dinâmica me inspira.

 

7- Qual a importância da musicalidade na criação da sua dramaturgia autoral?

As minhas criações elas naturalmente acontecem com a integração que eu citei acima. Eu tenho... ganhei a lucidez de que qualquer ser humano que se desenvolve por inteiro, integrando todas as potências, se transmuta de modo de modo “ponto”, para  modo “asterisco”.(risos) Vou até melhorar isso: qualquer ser humano que se desenvolva por inteiro, que integre, que ative todas as potências transmuta o próprio organismo, vai transmutando o próprio organismo, integrando e se transforma de “ponto” a “asterisco”, ganha o modo tentacular, expressivo, de dentro para fora,  de fora para dentro. Sendo afetado de fora para dentro e afetando de dentro para fora.

Então a musicalidade, em especial acontece para mim, gera uma inteligência. Eu estou criando uma obra e a música naturalmente surge num momento, que tem que surgir. Assim como nas obras nas criações improvisadas, os espetáculos que acontecem 100% improviso vamos dizer. A música aparece no momento, a inteligência de reconhecer que aquele momento cabe uma música, já é espontâneo e simpático. Porque às vezes uma música no espetáculo ela dá liga do público, ela redimensiona emocionalmente a plateia e os artistas. De fato, a música gera uma alquimia de relação, dando uma sinergia entre público e artista. E entre nós, com agente mesmo. Então a Musicalidade é uma alquimia mesmo, energia alquímica que cria uma relação afetiva e amorosa muito, muito potente.


8- Como você definiria a alta tecnologia humana musical? 

A gente ganha alta tecnologia humana musical quando a gente reconhece a música dentro da gente, quando a gente é ligado ao batimento do nosso coração, quando a gente percebe que até o mover do nosso corpo tem uma musicalidade, um ritmo é uma cadência. E a gente vai dando passagem abrindo espaço abrindo o nosso corpo como um campo criativo escutando a música que tá dentro da gente a sonoridades quando a gente vai em conscientemente assimilando a musicalidade do mundo ouvindo. Ouvindo os Spotify, os vinis, as fitas k7, os CDs. Quando a gente vai passar numa feira e tem um radinho tocando, a gente entra numa loja de departamento e tem uma mude, uma lista mude tocando, quando a gente vai numa festa, quando alguém canta uma cantiga na nossa orelha na infância e por aí vai. Isso entra dentro do nosso organismo e a nossa memória inconsciente é uma é uma ilha de edição, a memória é uma ilha edição que tem vida própria. E essas músicas vão entrando ficam holografadas no nosso organismo e circulando. E se a gente vai escutando, elas vão em se misturando com o nosso organismo e vão ganhando novas configurações, então existem música circulando dentro da gente e se a gente parar para ouvir.... e tocar instrumento, podem ser três acordes, pode ser cantarolando, pode ser... o jeito que for. Cada um encontrar e começar a praticar o que tá dentro e trazer para fora. Com o tempo a gente vai ganhando uma espontaneidade, uma simplicidade e um jeito próprio de musicar. Então para mim ativar essa potência da musicalidade, inerente ao nosso organismo humano a existência do ser humano nesse planeta, ativar e ganhar lucidez praticando...para mim isso é alta tecnologia humano musical.

 

9- O que é ser palhaça para você?

A palhaçaria para mim é a integração. É a ponta da Flecha onde eu entrego diversa potências que eu venho citando para você aqui. Eu acredito que cada ser humano nasce com uma tendência, ou algumas tendências orgânicas e emocionais. Então alguns nascem com aptidão muito eminente para os esportes, outro para matemática, outro para comédia, outro para compartilhar ensinamentos. Então isso é apenas uma pista, a minha ponta de flecha é a comicidade. É a palhaçaria. Desde pequena eu sou ligada nisso, eu sei que morrerei com essa... lá com os meus cento e poucos anos, em cena com a Rubra. Porque é a minha a minha potência maior e aos poucos conforme a gente vai nascendo com essas com essa potência a gente vai integrando naturalmente e vão se desdobrando as outras potências para complementar a gente se integrar. Então para mim, a palhaçaria é uma maneira de existir. Porque é além da Rubra. Eu sou a Rubra sem estar de Rubra. (Risos) A Rubra existe porque de fato a palhaçaria é uma expressão existencial que me libera para eu poder ser quem eu sou, nessa dimensão essa dimensão da comicidade ela é a liga. E a potência do improviso também são as ligas custara todas a potências. É o que dá liga, sinergia. Então a palhaça, a palhaçaria para mim é a minha maior expressão de existência, é o maior amor da minha vida.

 

10- Para onde a Rubra já te levou?

A Rubra me levou para dentro de mim, porque eu cada vez mais vou para dentro de mim, me pesquisando me experimentando, brincando comigo mesma. Ela me levou a partir de mim, encontrar, entrar em relação criativa cômica, poética, musical, científica, curiosa com os outros seres humanos e com o próprio planeta.

A Rubra é o meu maior brinquedo!


Canais da Rubra:

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