EXERCÍCIO I - ESTUDO DE TEXTOS ACADÊMICOS [Isadora Lima]

 

Roteiro

1ª Dissertação

YNÁ KABE RODRIGUEZ OLFENZA

Táticas de Resistência: Relatórios de sobrevivência da onça

Programa de Pós-graduação em Artes Visuais - PPGAV

 

A- forma de organização, distribuição das partes.

A dissertação é organizada e dividida entre imagens (arte digital, fotografias, registros de processos criativos e de resultados artísticos) e escrita (diálogo entre as referências bibliográficas com a própria voz/escrita da autora e de outras artistas, cartas, poesia e manifesto).

“Aqui estão organizados trabalhos meus e de outras artistes, assim como outras imagens importantes, que se configuram para minha pesquisa como material de poder e luta, compondo um arsenal não só teórico e artístico mas também afetivo”. P.34

São teorias, táticas e práticas, simultaneamente, em um só golpe, apontando para o potencial que a arte contemporânea tem de transformação social quando esta se aproxima do cotidiano e suas questões.

“Não pude abandonar a língua das minhas e me distanciar da lógica da desobediência, da insubordinação, violando diversas regras ou normas de maneira que pudessem ser colocados em primeira instância os processos curativos, libertadores e revolucionários” P.13:

A teoria não é intrinsecamente curativa, libertadora e revolucionária. Só cumpre essa função quando lhe pedimos que o faça e dirigimos nossa teorização para este fim. (hooks, b., 2017, p.86)

 

Sumário

Táticas de Sobrevivência: entender onde dói [11]

I.Aprendendo a falar sobre coisas não-ditas [17]

Espaços da fala: um ensaio sobre coisas não- ditas e suas anatomias [19]

Meta: sobreviver [30]

A transgressão está na garra da pesquisa [31]

II.Arsenal [33] 

III.Aprendendo a dominar grandes espaços [111]

Destruir uma ideia de nação [115]

1.Roteiros [117]

The need of the body [119] 

35? [127]

Lugar Secreto [143]

Câmera Onça [142]

Onça Travesti [152]

2.Conversas Estratégicas [153]

Carta para Ana [155]

Resposta de Ana Matheus Abadde [163]

Imagens trocadas entre as cartas escritas [167]

Três Travestis [171]

Tática e amor [175]

IV. Documentos de práticas transindisciplinares [176]

1. Práticas curatoriais transindisciplinares [180]

Todo Espaço Entre [182]

Nenhum homem no mundo [186]

PALAVRA, ANIMAL NÃO DOMÉSTICO [192]

2. Currículo ou Mapa dos territórios da onça [200]

V. Anecações: anexos e outras informações [208]

Transfobias Institucionais [209]

Legendas do Arsenal [210]

Referências Bibliográficas [219]

VI. Dedico a elas esta pesquisa [222]

 

B- metodologia.

“Dizer a teoria como uma forma de arte e, portanto, rastrear nos limites da forma” P.180. Prática autodocumental, onde são exploradas estratégias de aplicação às poéticas artísticas de uma produção teórica que, dentro de insurgências cotidianas, localiza a produção da autora não distante dos lugares em que seu pé demarca o chão.

“De fato, as passadas marcas estão e são minha produção enquanto artista transindisciplinar. Entretanto, uma possível sobreposição de situações entre produção e cotidiano me faz perguntar a mim mesma: Posso agora, enquanto corpo marginal, pensar que me manter viva é e faz parte de minha pesquisa prática e teórica?”.

Propõe uma metodologia indisciplinada, visando uma coerência com dissidência de sua corpa travesti. Uma metodologia indisciplinada e maliciosa. E que não deixe de ser desleal ao cânone acadêmico. Para além de uma escrita acadêmica, se volta para o lugar da fala em seus espaços cotidianos.

As ideias e diálogos são apresentados no formato de relatório, e evidenciam as rupturas das fronteiras quando arte e vida se propõem simultaneamente a lutar contra as opressões cotidianas. Pesquisa, prática e pensamento teórico foram combativos e/ou curativos. Portanto, o que está escrito na dissertação é um tipo de descrição das táticas subjetivas de resistência a partir das possibilidades de mudanças que a arte pode criar no cotidiano, assim como a diferença que a vida pode produzir nos modos como fazemos arte.

O projeto visou entender a pluralidade da indisciplina enquanto ação cotidiana e seu potencial poético assim como a prática artística enquanto indisciplina, criando novas táticas de resistência (e sobrevivência).

 

C- análise da bibliografia.

As bibliografias transpassam o campo determinado pelas referências bibliográficas, contendo uma voz coletiva durante toda a escrita.

No campo determinado temos 22 referências bibliográficas.

8 websites 13 livros/artigos: referenciando mulheres trans, travestis e negras.

“A dissidência não estaria mais apenas no corpo (em nossas corpas transvestigeneres), mas também no distanciamento das normas que encarceram e deslegitimam nossa forma de produzir conhecimento, classificando-os como não teóricos (ou não suficientemente teóricos), como aponta bell hooks em Ensinando a transgredir (2017), principalmente em seu capítulo A teoria como prática libertadora, onde ela evidencia o problema de se entender e aplicar a teoria de uma forma instrumental” P.13 e 14: 

Usam-na [a teoria] para criar hierarquias de pensamento desnecessárias e concorrentes que endossam as políticas de dominação na medida em que designam certas obras como inferiores ou superiores, mais dignas de atenção ou menos. (p.89)

  

D- aspectos relevantes.

Sobre teoria e prática a autora evidencia: foi preciso praticar enquanto se teorizava p.13.

A arte como um meio de transgredir a violência estrutural que permeia as instituições acadêmicas e os discursos hegemônicos em torno daquilo que poderia ser tomado como um conhecimento válido.



2ª TESE

MARIA APARECIDA DE SOUSA

LETRAMENTOS À MARGEM: a escrita de mulheres privadas de liberdade.

Programa de Pós-Graduação em Linguística – PPGL

 

A- forma de organização, distribuição das partes.

A pesquisa está organizada em seis capítulos. No capítulo 1, denominado Aspectos conjunturais, a autora contextualiza o problema de pesquisa. Busca identificar os processos sociais mais amplos que permitiram o aumento de mais de 600% de mulheres presas no Brasil em pouco mais de uma década. Destaca, também, aspectos das instituições penais, considerando que a compreensão dos seus processos internos é uma condição essencial para apreender os letramentos e as funções que eles desempenham ali. No capítulo 2, denominado A construção sociodiscursiva da mulher privada de liberdade, discute o perfil sociodemográfico das mulheres em situação de cárcere com base nos dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (INFOPEN Mulheres) (BRASIL, 2017b) e da teoria da interseccionalidade; conclui com a análise sociodiscursiva de representações das pessoas criminalizadas com base na metáfora criminoso é monstro e prisão é inferno. No capítulo 3, denominado Letramentos: a escrita no cárcere, explora as principais categorias teóricas desenvolvidas por pesquisadores/as dos Novos Estudos do Letramento, analisa as funções que a escrita desempenha na prisão. No capítulo 4, denominado: Aspectos metodológicos: princípios e estratégias para uma pesquisa socialmente implicada, apresenta as orientações ontológica, epistemológica e metodológica da pesquisa. Explora as características da investigação qualitativa, sua base interpretativista e crítica; apresenta os métodos de coleta, produção e análise de dados. Também levanta alguns questionamentos sobre a ética em investigação com grupos sociais hipervulnerabilizados. No capítulo 5, denominado: Gêneros discursivos, discute os gêneros situados BO e requerimento e no capítulo 6, denominado “Palavra de mulher”: a escrita da resistência e do afeto , analisa o modo como mulheres em situação de cárcere se autoidentificam e identificam outras detentas. Utiliza, na análise, as categorias vocabulário e metáfora (FAIRCLOUGH, 2001, 2003).

 

Sumário

INTRODUÇÃO - ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

1 ASPECTOS CONJUNTURAIS [23]

1.1 A construção do hiperencarceramento feminino [23]

1.2 A penitenciária como instituição de controle [32]

2 A CONSTRUÇÃO SOCIODISCURSIVA DA MULHER PRIVADA DE LIBERDADE [38]

2.1 Perfil sociodemográfico da população feminina privada de liberdade no Brasil [39]

2.1.2 Interseccionalidade: simultaneidade dos sistemas de subordinação [45]

2.2 A construção sociodiscursiva da pessoa criminalizada [49]

3 LETRAMENTOS: A ESCRITA NO CÁRCERE [63]

3.1 Notas sobre os Novos Estudos do letramento [63]

3.2 Eventos e práticas de letramento [66]

3.3 Letramentos do mundo da vida e letramentos de sistema [70]

3.5 Eventos e práticas de letramento no contexto prisional: contribuição dos estudos de Anita Wilson [75]

4 ASPECTOS METODOLÓGICOS: PRINCÍPIOS E ESTRATÉGIAS PARA UMA PESQUISA SOCIALMENTE IMPLICADA [79]

4.1 Relações entre ontologia, epistemologia e metodologia em uma pesquisa em ADC [79]

4.2 Local de pesquisa [85]

4.3 Negociação de acesso ao campo e ajustes metodológicos [89]

4.4 Métodos de coleta, geração e análise de dados [93]

4.4.1 Coleta documental [94]

4.4.2 Observação não participante e notas e campo [95]

4.4.3 Entrevistas focalizadas e conversação continuada [97]

4.5 Métodos de análise de dados [99]

4.6 Questões éticas na pesquisa qualitativa [101]

5 GÊNEROS DISCURSIVOS [109]

5.1 Nota preliminar [109]

5.2 BO e requerimento: sobre a escrita autogerada na prisão [115]

5.2.1 “Amiga, obrigada por tudo”: a comunicação íntima dos BOs [117]

5.2.2 “Senhora, por favor, dê uma olhadinha no meu processo”: sobre os requerimentos escritos por detentas da PFDF [128]

6 “PALAVRA DE MULHER”: A ESCRITA DA RESISTÊNCIA E DO AFETO [133]

6.1 Notas sobre o poder [133]

6.2 Análise textual [135]

6.3 A identificação de si e do outro em discursos de mulheres em situação de cárcere [138]

 6.3.1 “Nós, da quebrada” [143]

6.3.2 Guerreiras e princesas: identificações plurais [148]

6.3.3 “Os amigos nos amam, os inimigos nos promovem”: solidariedade, afetividade e lealdade como marcas identitária [152]

CONSIDERAÇÕES [159]

REFERÊNCIAS [162]

REFERÊNCIAS [176]

 

B- metodologia.

O corpus principal da pesquisa é constituído por sessenta textos escritos pelas mulheres em situação de cárcere (10 requerimentos e 50 bilhetes designados por essas mulheres de BOs), e o corpus complementar, por entrevistas focais, realizadas com dirigentes da unidade prisional; observação não participante e notas de campo – métodos desenvolvidos no período entre 2016 e 2017.

 

C- análise da bibliografia.

São 163 referências bibliográficas.

47 websites, 42 revistas, 66 livros e 12 referências incluindo teses e dissertações.

O referencial teórico é constituído pelos Novos Estudos do Letramento: Street (1993, 1996); Barton (1991, 1994, 2007); Barton e Hamilton (1998); Magalhães (2008, 2012); e Rios (2009, 2013) – e a Análise de Discurso Crítica: Fairclough (2001, 2003) e Chouliaraki e Fairclough (1999). A face social da questão de pesquisa é analisada com base em Foucault (1988, 2011); Goffman (1974, 1982); Zaffaroni (1991); Andrade (2004); Barata (1999); Silva (2014); Lemgruber (1983); Frinhani (2004); Buckeridge (2011); César (1996); entre outros/as.

  

D- aspectos relevantes.

A tese debruça-se nas práticas de escrita – e nos discursos que as constituem – contribuem para manter, reproduzir, assimilar e/ou reconfigurar relações de poder. A autora aprofunda a pesquisa na Penitenciária Feminina do Distrito Federal (PFDF), mas rompe as prisões/fronteiras do local, fazendo-nos refletir e pensar sobre essa sociedade de origem patriarcal e de herança escravocrata, onde o homem/o branco torna-se a norma. Nesse sentido a linguagem, além de designar coisas e objetos, será um modo de interpretação de mundo que atribuirá valores a determinados grupos como forma de manutenção de poder ou opressão.  



3ª Dissertação

MARIANA RAMOS SOÜB DE SEIXAS BRITES

Escritura poética como escrita para a arte e suas possibilidades em registro : do caderno ao corpo.

Programa de Pós Graduação em Arte – PPG-ARTE

 

A- forma de organização, distribuição das partes.

Dividida em três blocos principais que se entrecruzam, a dissertação traz consigo a possível mudança das ordens capitulares. Para que isso aconteça depende da vontade de quem lê para fazê-lo. Os capítulos estão divididos por cores diferentes: amarelo, azul e rosa. Trocar a ordem dos capítulos propicia experiência outra para o mesmo texto apresentado. O texto está entregue na ordem cronológica de pesquisa e criação, mas entendo a possibilidade variante e também múltipla do tempo, asseguro diversão e estranhamentos ao criar juntas essas outras possibilidades em papel.

A cor azul traz consigo a ideia da água corrente, apresenta as influências e o nicho que a pesquisa propõe. Onde serão encontradas as localizações dos principais conceitos que banham a dissertação como: escritura, fuleragem, performance, eus, registro, doce, duro, mar(ia-sem-ver)gonha e terrorismo poético. Também será elogiada a formação de grupos em arte como possibilidade de multiplicar-se na rua. O grupo traz consigo a potencialidade de eus distintos. O grupo é: criador de conceitos, dialetos, vive e marca a estrutura da cidade, acontece.

A cor rosa pulsa. É a lembrança da carne: memorial de ações feitas entre os anos de 2010 e 2016. A escritura é buscada nas frinchas, poesia-pós-acontecimento. A escritura se apresenta como possibilidade de registro para a performance, engendrando em si outras discussões pertinentes à teoria-prática do desejo arte. Serão tratados temas como: refeitura de performances e sua irrepetibilidade, repercussões virtuais de performances presenciais, a ausência de registro audiovisual como característica do espaço e arte enquanto questionamento - arte-ação – através dos feitos também políticos em performance.

Já a cor amarela é o grifo do texto, a cor coração que contrasta e dá vida; onde estão corpo e sensações envolvidas. É um desdobramento poético que surge-nasce em meio à criação e provocações da pesquisa. Cartografia Ferida é um ensaio fotográfico de cicatrizes e marcas em pele, essas são entendidas enquanto poesia e escritura. Simultaneamente enquanto a autora dirige conceitos filosóficos os mesmos se reapresentam no corpo. O corpo é a matéria principal da pesquisa e sincero, se insere. As imagens do ensaio compõem também um entre capítulos, respiro de palavras, leituras de outra forma: imagem disforme. É o corpo e suas feridas que colam os capítulos, desse modo escorregadio, a cor amarela se apresenta desde antes. Sem nome, sem saber, percepcionando as sensações em leitura.

 

Sumário

(DES)ORDEM DOS FATOS

Introdução

 

PRIMEIROS PASSOS, POSSÍVEIS QUEDAS

Poesia, qual?

Sabe o que acho engraçado?

De-compondo a linguagem

Grupos

 

POÉTICAS DO DEPOIS: REGISTROS E(M) TEXTOS

Vínculo Zero (2013-15)

Souvenir (2015)

Coração da Terra (2014)

Retalhos (2014)

Pelos Pelos (2013)

O Virtual-Real: (re)percussões

Pelada Pelada (2010)

Depois da Poética do Depois

 

PELE POÉTICA

Escrituras e Cicatrizes

Do Caderno ao Corpo

Caminhos (in)visíveis

 

Referências Bibliográficas

Apêndice

 

B- metodologia.

Do caderno ao corpo, aborda processos criativos autorais e poéticos em performance e seus métodos de registro. Esses processos criativos e autorais são, em sua maioria, realizados em coletivo e na rua: Grupo de Pesquisa Corpos Informáticos, Coletiva Tete-a-Teta e OBS:cênicos. A palavra escrita é abordada como método poético para o registro em performance, ampliando-o fato além do audiovisual. No desenrolar do texto é possível perceber uma transposição do caderno ao corpo: couro vivo inscrito, cicatrizado de mundo.

 

C- análise da bibliografia.

São 42 referências bibliográficas.

19 livros, 1 dissertação, 19 websites e 3 artigos.

A dissertação é composta por uma rede de apoio bibliográfico que inclui: Audre Lorde, Clarice Lispector, Manoel de Barros, Maria Beatriz de Medeiros, Michel Serres e Roland Barthes.

 

D- aspectos relevantes.

A construção poética do texto visa possibilitar brechas para que cada leitor(a) tenha uma experiência particular aliada a seu próprio corpo e a construção do mesmo. Assim, poesia e a performance se mesclam a fim de permear o sensível em formas diferenciadas.

Escrevo por que a vida não aplaca meus apetites e a minha fome. Escrevo para registrar o que os outros apagam quando falo, para reescrever as histórias mal escritas sobre mim, sobre você. Para me tornar mais íntima comigo mesma e consigo. Gloria Anzaldúa

 


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