Cícero Félix de Sousa (autoapresentação)

NOME/CONTATO

Cícero Félix de Sousa
(77) 99131.2243
cicero.sousa@ufob.edu.br
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BACKGROUND EM ARTE E/OU PESQUISA EM ARTES

Não tenho uma trajetória efetiva nas artes, embora minha relação com ela venha de menino. Imagens como a do ventríloquo Benedito promovendo a venda de ervas e garrafadas medicinais e a do vendedor de cordéis declamando trechos dos folhetos em voz alta, na feira livre da Arara (PB) dos anos de 1970; os circos, as cantorias de viola ao pé da parede, o bumba meu boi, os festivais de arte da cidade realizados pelo mágico Tarcísio são referências inapagáveis da minha memória afetiva, estética e sensorial que se relacionam com vários aspectos das artes.

Em São Paulo, onde morei de 1986 a 1994, me deslumbrei com o teatro e suas infinitas possibilidades cênicas. Até hoje carrego a lembrança de "Lucrécia, o veneno dos Bórgias", com Guilherme Karan, "Hamlet", de Zé Celso, no histórico Teatro de Arena, "Vem buscar-me que ainda sou teu", com Laura Cardoso, e uma peça de Bertolt Brecht que não lembro o título, mas que me marcou pela maneira de me mostrar o cotidiano e a sociedade modernas por outro ângulo.

De volta a Paraíba, fiz graduação em Comunicação Social na UEPB, com habilitação em jornalismo impresso. Em 1999, ingressei profissionalmente na área como diagramador, no Diário da Borborema, em Campina Grande. Dois anos depois conquistei o Prêmio Esso de Jornalismo, na categoria nacional Primeira Página, com a manchete sobre o ataque terrorista aos EUA em 11 de setembro de 2001. A produção gráfica e a comunicação estética dos periódicos de certa forma me ligavam a arte que eu carregava comigo. Paralelamente a essas atividades, estabeleci uma convivência quase cotidiana com poetas, a cultura da cantoria de viola e as artes paraibanas. Nas artes cênicas, o espetáculo "Vau da Sarapalha", adaptado por Luiz Carlos Vasconcelos, foi uma das maiores experiências cênicas que experimentei. Vale lembrar ainda o premiado curta "A Canga", de Marcus Vilar, um filme com roteiro e direção de arrepiar.

Enfim, o jornalismo acabou me empurrando para o Oeste da Bahia, onde moro desde 2009. Vim dá aulas no curso de Publicidade e Propaganda e Jornalismo em uma faculdade particular e fundei uma revista (Revista A) de variedades, que circulou entre 2010 e 2015 por várias cidades oestinas. Nesse período, descobri uma variedade e quantidade de manifestações religiosas que me deixaram curioso, principalmente nas comunidades rurais, e uma rica cultura sanfranciscana. Produzi o documentário "Areeiros do Corrente" e vasto registro em audiovisual para futuros trabalhos identitários da região, além de áudios de entrevistas e fotografias.

Em 2015, ingressei como docente na Universidade Federal do Oeste da Bahia, no curso de Publicidade e Propaganda, campus de Santa Maria da Vitória, distante 90 km do Rio São Francisco. Nesse mesmo ano orientei um projeto PIBIC que tinha por objetivo realizar um estudo etnográfico sobre as manifestações religiosas do Território de Identidade da Bacia do Rio Corrente, além de analisa-las sob a luz da etnocenologia. A pesquisa foi encerrada em meados de 2017. Dela resultou um mapeamento etnográfico dessas manifestações e um documentário sobre o Altar do Menino Deus, de dona Pulú. E melhor: encontrei o objeto de pesquisa do meu doutorado.


SEU PROJETO DE PESQUISA ATUAL OU O QUE DESEJA ESTUDAR

Intitulado provisoriamente de "A espetacularidade no Altar do Menino Deus e Folia de Nossa Senhora do Livramento em Canápolis (BA)", este projeto, inscrito na linha de pesquisa Cultura e Saberes em Artes Cênicas, busca entender como os saberes sagracionais dessas manifestações realizadas na comunidade rural de Jataí, com rezas católicas (algumas em latim) do devocionário colonial, praticados por descendentes de indígenas, dialogam com os saberes das artes cênicas. Tem como principal orientação epistemológica a Etnocenologia, etnociência das artes do corpo e do espetáculo que reconhece essas manifestações religiosas como práticas e comportamentos humanos espetaculares organizados que transcendem o aspecto religioso e se inscreve no espaço das artes.


MATERIAIS/LINKS/SONS/IMAGENS QUE ACOMPANHEM ESTAS INFORMAÇÕES

MAPAS

Oeste da Bahia: região faz divisa com Piauí, Tocantins, Goiás e Minas Gerais. As duas manifestações (Altar do Menino Deus e Folia de Nossa Senhora do Livramento) acontecem na zona rural de Canápolis, no Território de Identidade da Bacia do Rio Corrente (TIBRC)

A Bahia é dividida em 27 territórios de identidade. O TIBRC faz divisa com os estado de Goiás e Minas Gerais


IMAGENS E FILME SOBRE O ALTAR DO MENINO DEUS

O Altar reúne gente de várias idades e comunidades vizinhas ao Jataí

Um grupo de reis visitam o Altar nas primeiras horas do dia 25 de dezembro

Seu Camilo, descendente de indígenas, marido de Dona Pulú. O único homem a participar da reza

De vestido azul, ao centro, Dona Pulú e sua filha Malvina (camisa listrada) comandam a reza a do Altar

Casa de Dona Pulú e Seu Camilo, na comunidade rural de Jataí, em Canápolis, no Oeste da Bahia

Além das bandeirolas, o teto é decorado com mangas, tradição da avó de Dona Pulú

A sala é transformada para a realização da reza que acontece entre 24 de dezembro e 6 de janeiro, Dia de Reis

Ao centro do Altar, a antiga imagem do Menino Deus

Filme não finalizado. Trata-se de um corte realizado para a apresentação em um encontro de Iniciação Científica


IMAGENS DA FOLIA DE NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO

Grupo de chula que sai da casa de Seu Reinaldo no dia 31 de janeiro e retorna no dia 2 de fevereiro, de manhã, depois de dezenas de visitas durante o giro

De violão preto e chapéu branco, Seu Júlio Cainana, que "nasceu dente sambando" é o líder do grupo de chula, que participa de vários movimentos religiosos nas comunidades rurais

Depois da reza, os participantes saem em procissão e dão uma volta na casa. Seu Reinaldo acompanha o cortejo com o estandarte que carregou durante o giro

Ao final da manifestação os foliões fazem a louvação da mesa, como nos reisados, e almoçam. Isso acontece já no meio da tarde

Alguns participantes seguram velas durante a reza

Os foliões acompanham a reza à distância, cercado por crianças e mulheres

Momento que antecede o início da reza, na sala da casa de Seu Reinaldo

Alguns foliões usam uma estola, outros enfeitam os chapéus. Não há uniformidade nos trajes

Estandarte de Nossa Senhora do Livramento que segue à frente do grupo, durante o giro

Durante todo o trajeto da folia e do samba da chula, o consumo de bebida é comum entre os foliões

Sei Reinaldo acompanha a reza com uma toalha branca e a imagem de uma santa na cabeça, segurada por sua esposa


Seu Né de Teodózio é o rezador oficial, ao lado sua esposa Dona Ana. Eles são descendentes de índios


ALGUNS LINKS

Link para as publicações da Revista A


Capa do Diário da Borborema ganhadora do Prêmio Esso de Jornalismo, categoria Primeira Página, em 2001. Mais trabalhos jornalísticos na minha conta do Flick.




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