Auto apresentação - Magno Assis
Auto apresentação de Magno Assis
Nome: Magno Geraldo Ribeiro de Assis
WZap:
55 61 99976-5634 email: magnoassis@gmail.com, magno@unb.br
Peço
licença para tomar um pouco do seu tempo para externar esta auto-apresentação,
biográfica, que estão mexendo com meus pensamentos, minhas anotações de mais de
duas décadas, para encaminhamentos futuros. Quero deixar claro e avisar aos
leitores que esta missiva é destinada ao próprio autor, mas provavelmente para
você em algum momento.
O texto
abaixo relata uma retrospectiva reflexiva, um pouco memorial descritivo, porém
necessário para eu me entender, para me organizar e chegar a algum lugar,
alguma conclusão, relembrar encontros e reencontros até talvez alcançar meu
contexto atual, sistematizar meus pensamentos e registrar. Esse
texto propõem-se a descrever reflexivamente minha trajetória de vida
manifestada pelo teatro, ciências sociais, artes visuais, música, sociedade e
cidade. Então começo aqui a tecer esta trama por inter-caminhos.
Vamos lá...
Sou Magno
Assis, filho de candangos vindo do nordeste brasileiro, gay estudante de
escolas públicas desde a alfabetização, morador de periferia, graduado em
Licenciatura em Educação Artística com habilitação em Artes Cênicas pelo
Departamento de Artes Cênicas da UnB, 1999 e especialista em Gestão de
Políticas Públicas de Cultura – UnB, 2008.
Desde
minha infância até a adolescência eu constatava um desejo de atuar em um mundo
em que pudesse criar e expressar meus desejos e de todos ao meu redor, desde
construir circo de brincadeira em escombros de construções, modificar
ambientes, dar animação a objetos inanimados, constituir bandos juvenis e
organizar eventos artísticos, ao meu modo de imitação da realidade de maneira
lúdica, criativa e poética. Estava implícito desde aquela época o meu
desejo de ser um ator, ou um artista, e entender o mundo, contudo, as condições
sociais e financeiras da época me direcionavam a outros caminhos que também
contribuíram como facilitadores ao meu fazer artístico.
Trabalhei
em fábrica de cimento, banco privado, escritórios contábeis, locadora de
veículos, guia de turismo e até como de secretário parlamentar da Câmara
Federal, local de onde saí estimulado pelo sentimento de re-democracia do
estado brasileiro e pelo impedimento do ex-presidente Collor, momento também em
que fui um “cara pintada” atuante, apesar de na mesma época, prestar serviços
no parlamento e para um deputado federal de partido de direita nos anos de 1989
a 1992. Em meio a esta profusão de fatos, procurava na arte um respiro,
frequentando teatros, exposições e eventos artísticos em geral, na condição de
espectador e consumidor de cultura.
Em 1992
comecei a fazer estudos de Opera com Asta Rose Alcaide, fundadora da Associação
Ópera de Brasília que tinha como o objetivo de fortalecer e divulgar a produção
de espetáculos na cidade, e a cantar no atual Projeto de Extensão - Coro
Comunitário da UnB – integrando as mais de 300 vozes de membros da comunidade
universitária e do Distrito Federal, este coral me possibilitou o encontro e o
início da convivência no ambiente universitário ocorreu 1993.
Em meio aos
infinitos cartazes, avisos, e anúncios nos murais do prédio do Minhocão da UnB,
avistei um edital de concurso público para servidor público da Fundação
Universidade de Brasília -UnB, e ouvindo as vozes do coro comunitário decidi
prestar concurso público, passei em primeiro lugar e tomei posse
como público federal na Universidade de Brasília no primeiro
semestre daquele ano.
Em março de
1993 assumi função de Técnico Administrativo que auxiliava no controle de vagas
de docentes. Naquela época, os recursos analógicos administrativos eram
intensos, quase uma fábrica burocrática com muitos papéis documentais de
concursos públicos, para a contratação de diversas professoras e professores
que iriam compor o novo quadro de docentes da UnB em decorrência da criação de
cursos noturnos ocorridos em ocasião da expansão das universidades públicas
brasileiras.
Eram
processos burocráticos, cheios de números e tabelas das quais eu dominava e
agia mecanicamente com muita habilidade, todavia, haviam processos diferente
dos demais. Tratava-se de papéis repletos de arte, imagens e poesias, projetos
de educação e propostas de educação artística e de transformação pela arte
educação... e eu me perdia no controle das vagas...e me atrapalhava com o
teclado... e parava o serviço burocrático para mergulhar nas leituras dos
textos e imagens daqueles processos cheios de folhas de papel e poéticas da
educação. Ali eu tive a convicção de entrar numa escola de artes, e o curso de
Artes Cênicas da UnB foi o meu foco.
Toda essa
movimentação me impulsionava a caminhar paralelo aos estudos acadêmicos, tendo
em vista que me dedicava ao trabalho enquanto servidor público no período
diurno e nos intervalos para almoço ou em horário noturno, praticava com afinco
e prazer essas atividades artístico/corporais, à luz do sol ou da lua do Campus Universitário
Darcy Ribeiro, inconscientemente me preparando para assumir uma dupla função no
ambiente universitário, foi quando avistei outro edital afixado nos murais do
ICC, desta vez para vestibular específico para Artes.
No segundo
semestre de 1994 decidi ingressar em um curso de graduação em Educação
Artística, da UnB e entre as duas opções: Habilitação em Artes Cênicas ou Artes
Visuais - que é outra paixão da minha vida - optei pela primeira atendendo a
minha disponibilidade de corpo, mente e alma para embarcar na grande empreitada
de minha vida que foi cursar Artes Cênicas na UnB.
Ingressei
na primeira turma de graduação noturna da UnB em Licenciatura em Educação
Artística/Habilitação em Artes Cênicas que se compunha para integrar as
primeiras turmas de Licenciaturas noturnas do Instituto de Artes da UnB. Foram
as primeiras oportunidades de acesso ao ensino público noturno de artes da UnB
por outras camadas sociais constituída de pessoas com um perfil sócio-econômico
que contribuíram para a diversidade estudantil universidade, composta por
pouquíssimos alunos, uma pequena parcela que ingressou no vestibular do segundo
semestre daquele ano de 1994.
Simultaneamente
às atividades laborais e acadêmicas passei a me dedicar à prática de dança
contemporânea com Andréa Horta, e contato improvisação com Giovani Aguiar,
posteriormente com Camilo Vacalebre, artistas pioneiros de contato improvisação
a em Brasília. Dançávamos muito, nas aulas, nas festas, nas cachoeiras com Luis
Mendonça do Endança e enquanto participante de somaterapia proposto pelo
escritor e terapeuta Roberto Freire, frequentava as festas anárquicas dos
grupos praticantes e simpatizantes da técnica em Brasília. Nos
semestres seguintes participei de cursos comunitários de capoeira, dança de
salão e técnicas circenses, este último com Luciano Astiko que apresentou um
pouco do mundo do circo, ainda neste período em práticas de meditações
dinâmicas orientadas pelo guru indiano Osho, e de yoga em períodos de Semana
Universitária, em que a universidade propicia um contato mais aproximado entre
a cidade e o campus.
Nos estudos
acadêmicos as disciplinas de artes visuais ocuparam 25% do curso, fator que me
proporcionou domínios do campo dessa área, com aulas de desenho, xilogravura,
calcogravura e técnicas mistas em processos de artes visuais, com mestres e
doutores artistas e docentes do Departamento de Artes Visuais do IdA.
Esta
aproximação das Artes Visuais na academia estendeu-se na minha vida artística
pessoal, de algum modo minhas experiências com o mundo, contextualizado ao
momento histórico de minha vida, estava ao mesmo tempo empreendendo uma técnica
e refletindo sobre determinada situação, objeto, ambiente e principalmente,
dialogando com o ambiente, as pessoas e comportamentos humanos. Como resultado
deste processo, passei integrei diversos coletivos das Artes Visuais integrando
exposições com obras híbridas visuais/performáticas de minha autoria, ocorridas
no Museu Nacional da República Honestino Guimarães em Brasília-DF, sob a
curadoria de Wagner Barja, Espaço Piloto da UnB, Espaço Cultural Renato Russo
508 Sul, Galeria do Teatro Dulcina, Projeto Fora do Eixo DF e Festival Universo
Paralello e Quadrienal de Praga.
E com essa
inquietação interagia na academia e a interdisciplinaridade, e vivia um dos
fundamentos do projeto da Universidade de Brasília - criado por Darcy Ribeiro e
Anísio Teixeira - e que me estimularam enquanto membro de dois segmentos da
comunidade universitária. A partir de então, participei de movimento sindical
dos Técnicos administrativos da UnB, simultaneamente, organizava o
reconhecimento institucional do Centro Acadêmico de Artes Cênicas com estudantes
dos cursos de licenciaturas noturnas e de bacharelado do curso diurno e em
unidade com outros estudantes de outras áreas de conhecimento da UnB
interessados na prática teatral. A partir de então, iniciamos estudos
espontâneos de protagonismo estudantil entre estudantes, em sua maioria dos
cursos diurnos em interface com os cursos noturnos. Foi daí que surgiu a
proposta de um teatro político e de ativação pela arte de rua por parte de um
pequeno grupo de estudantes no ano de 1995.
A partir da
estruturação do Centro Acadêmico de Artes Cênicas, nosso protagonismo
estudantil se organizou colegiadamente inicialmente organizado por mim, Sheila
Campos dentre outros estudantes, atuávamos em conjunto com os movimentos
sindicalistas dos técnicos administrativos, docentes e discentes de outros
cursos da UnB. Nossas atividades consistiam em treinamentos de ator e
experimentos e performances de caráter elucidativo das questões que nos
inquietavam, e estimulado pelas professoras e professores que também enquanto
artistas atuavam no Departamento de Artes Cênicas, como Hugo Rodas, que em uma
de suas criações “O Olho da Fechadura”, misturava público e artistas nos
corredores acadêmicos do departamento na obra de Nelson Rodrigues, pelo qual
participei intensamente como atuante cênico.
Nesta
profusão de acontecimentos da década de 1996, participei do Seminário
Performáticos, Performance & Sociedade, promovido pelo TRANSE – Núcleo
Transdisciplinar de Estudos da Performance do
CEAM – Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares
coordenados pelo Sociólogo João Gabriel L. C. Teixeira professor do
Departamento de Sociologia em parceria com o Grupo Corpos Informáticos –
Pesquisa em Linguagem Multimídia, pelo qual somaram-se vários grupos em sua
maioria constituídos de sociólogos, artistas e pesquisadores que se debruçaram
em mesas redondas, Workshops “Interartes” e apresentações de
performances coletivas para a especulação e conceituação e na prática da
performance como uma linguagem híbrida, apontada por Richard Schechner.
Foi a partir
deste contato com grupos de trabalho, performances coletivas e individuais, de
José Eduardo Garcia de Moraes, Hugo Rodas, Ciane Fernandes, Conrado Silva e
outros artistas e pesquisadores de várias áreas que tive a proporcionou uma
aproximação de fato com o conceito guarda chuvas da performance e que me
impulsionou a promover e experimentar e pesquisar a linguagem da performance e
sua amplitude de interações.
Outros
encontros me proporcionaram a prática e a reflexão do fazer teatral, dentre
eles o Encontro Mundial de Artes Cênicas, ocorrido na cidade de Belo
Horizonte-MG em 1997. O Encontro Mudança de Cena, realizado no
Centro do Teatro do Oprimido – CTO/RIO, no Rio de Janeiro-RJ, no
qual fiquei em contato com Augusto Boal e a equipe do CTO,
presenciei de uma intensa mostra de Teatro do Oprimido, seguido de debates e
treinamento do método, a partir daí sistematizei uma proposta de
ação, incluindo minha vivência com a comicidade, performance, teatro de rua, e
intervenções performáticas de caráter político/pedagógico.
E foi a
partir de um movimento de greve nacional das universidades, em defesa das
universidades públicas gratuitas e de qualidade, que já se encontrava ameaçada
no ano de 1996, que surgiu a ideia da interação com um teatro político de agitprop e
de caráter estudantil, foi então que um pequeno grupo de estudantes se juntou e
criamos o do Teatro de Guerrilha da UnB. Em nossos encontros em período de
greve que durou aproximadamente seis meses, criamos, ensaiamos escrevemos
coletivamente o “Espetáculo Mec Student Program – A farsa da privatização das
universidades públicas”, o projeto foi reconhecido e aprovado pelo
Departamento de Artes Cênicas do Ida e o grupo se consolidou como atuante em
diversas assembleias estudantis, encontros nacionais de estudantes de diversas
áreas na UnB e de outros estados brasileiros, assim como em
assembleias de docentes e técnicos administrativos da universidade.
Estávamos
imbuídos da prática teatral ativista, e dentre as técnicas de treinamento do
ator, teorias na sala de aula, estudos e expressões artísticas experimentadas
pelo grupo, decidimos por uma linguagem farsesca e de teatro de rua, iniciativa
que atraiu a direção da atriz e professora do Departamento de Artes Cênicas
Brígida Miranda e do Professor Jesus Vivas, o que possibilitou o início das
nossas práticas dos domínios técnico-criativos do teatro, paralelo às
disciplinas da graduação do Departamento com o objetivo de lutar contra a
ignorância e apatia que é perpetuada na maioria das salas de aula, usando como
“arma” o teatro que pode acontecer em qualquer
espaço...cantina escolares, praças e shoppings, ruas e becos,
estacionamentos e espaços teratrais convencionais.
O texto
dramatúrgico da peça ocorre num futuro onde não existem mais universidades
públicas e gratuitas pelo fato de todas terem sido compradas por empresas que
monopolizam a educação, restando como única opção de ensino superior o uso dos
benefícios do Mec Student Program. A peça mostra um teleshopping onde,
em analogia ao estilo de redes multinacionais, também se compra Ensino
Superior. O espetáculo foi contemplado com dois editais da Secretaria de Estado
de Economia Criativa do Distrito Federal, o primeiro em 1996 e o segundo em
2006, o espetáculo foi apresentado em pátios, cantinas e em auditórios de
escolas da rede de ensino público do DF, seguido de debates sobre questões de
ensino público, gratuito e de qualidade, durante os 10 anos de atuação, o grupo
permaneceu sob minha direção e produção pelo qual participaram mais de 50
estudantes em centenas de apresentações em encontros nacionais de estudantes
universitários, participou da história da Caravana da UNE (União Nacional dos
Estudantes) sobre a reforma universitária, percorrendo mais de 20 estados
brasileiros, integrou a programação oficial do Fórum Social Mundial – Porto
Alegre 2005 em ativismo artístico em defesa da educação pública brasileira.
Atualmente
este projeto “Teatro de Guerrilha” continua sua luta especialmente com a
reincidência dos desmanches promovidos por sucessivos governantes. O projeto
está estruturado como uma atuação instantânea e comunitária, que é acionada de
acordo com a demanda de visibilidade e de luta em defesa das universidades
públicas e encontra-se sob minha supervisão e direção.
A
metodologia de atuação é mesma utilizada em sua origem, no qual o texto é
atualizado coletivamente, por integrantes de qualquer área de conhecimento,
atores ou não atores, membros da comunidade universitária e comunidade externa
e que são apresentados em ocasiões de luta e ativismo em defesa do ensino
público e de qualidade.
As
mais recentes atuações com o projeto ocorreram no Fórum Social Mundial em
Salvador- BA em 2018, e em protestos nas assembleias de técnicos, docentes e
discentes da UnB, diante dos novos ataques ao ensino público universitário do
governo atual.
A partir
desta experiência inicial do Teatro de Guerrilha, procurei um local dentro da
Universidade para continuar a desenvolver o trabalho enquanto estudante e
servidor público, que ocorreu em 1996, ano que iniciei meus trabalhos Diretoria
de Esporte, Arte e Cultura ligada ao Decanato de Assuntos Comunitários da UnB.
Nesta diretoria retomei o projeto interdisciplinar Quinta Cênica, desenvolvido
na década de 1980, pelo professor Jesus Vivas que voltou, em edições temáticas,
onde até cinco peças de cinco a dez minutos ocupavam o palco do Anfiteatro-9 do
Instituto Central de Ciências do Campus Universitário Darcy Ribeiro na hora do
almoço para a comunidade universitária que lotava as cadeiras do espaço.
O programa
Quinta Cênica em formato de show de esquetes teatrais, e eram concebidos, dirigidos e entremeados
por esquetes temáticos roteirizados e interpretados pela equipe do Quinta
Cênica, compostos inicialmente por mim, Cristiane Sobral, Lara Arce e Alexandre
Canela, ex-alunas e aluno do Departamento de Artes Cênicas, produzimos 12
edições temáticas, promovendo a arte e cultura no campus no horário do almoço.
Paralelo às edições do programa, criamos um acervo artístico sustentável
repleto de figurinos, objetos para cena, cenografia, e materiais para arte,
resultante de produções realizadas, e de doações de artistas simpatizantes do
projeto e de instituições externas à universidade.
O Quinta
Cênica perdurou até 1998 quando os estudantes que atuavam também enquanto
produtores, dramaturgos, cenógrafos, atores e divulgadores do projeto
concluíram seus cursos de graduação. O projeto original mensal foi extinto e
resgatado no formato de equipe teatral: o Grupo Quinta Cênica. Nesta nova etapa
apresentamos a peça teatral “Aluga-se” concebido para palco tipo italiano. A
peça teatral de foi elaborada a partir da prática de criação de personagens a
partir do cotidiano pessoal jovens estudantes de Bacharelado e Educação
Artística, em laboratórios de criação de personagem na Sala Saltimbancos
daquele Departamento, dirigido por Brígida Miranda e dramaturgia de Marcus
Mota. O texto “Aluga-se” é parte integrante da publicação “A Trágica Virtude –
26 Exercícios não lineares para a cena”, 2012, de autoria de Marcus Mota.
O
“Aluga-se” foi apresentado em diversos teatros da capital, em incontáveis
apresentações e ensaios abertos no Anfiteatro-9 e em cidades do interior
paulista. O espetáculo aborda com comicidade a convivência de estudantes
recém-chegados à Brasília, fato que se assemelhava às condições reais e
pessoais dos estudantes atuantes enquanto, atores, cenógrafos, figurinistas,
maquiadores, iluminadores e produtores do espetáculo recém-chegados à
universidade, vivenciando suas próprias experiências e dos colegas de curso, os
protagonistas destas cenas foram eu, Suail Rodrigues, Letícia Rodrigues,
Cláudia Moreira, Guto Viscardi, Marcelo Augusto e Cristiane Inácio estudantes
de teatro que também se formaram e seguiram suas vidas profissionais.
A segunda
experiência com o grupo, no qual adensaram mais integrantes do curso de Artes
Cênicas foi uma peça teatral interativa “A viagem das correspondências e seus
mensageiros”, escrita e roteirizada em co-autoria minha e de Brígida Miranda o
grupo foi contratado pelo Museu dos Correios, sediado no Setor Comercial Sul de
Brasília, para apresentações do espetáculo duas vezes na semana durante seis
meses, destinado ao público de estudantes da rede pública de ensino do Distrito
Federal e demais visitantes do Museu que percorriam o seis andares
enquanto presenciavam e interagiam com a história das
correspondências maneira lúdica e inusitada no período roteirizado,
que iam desde a carta de Pero Vaz de Caminha até a década de 1960,
interpretados por Cláudia Moreira, Cristiane Moreira, Letícia Rodrigues,Guto
Viscardi, Edinho Lopes e alunos de artes visuais que auxiliaram na adaptação
cenográfica do Museu.
Em 1998
participei de uma conferência na Nova Zelândia promovida pelo ADSA - Australasian
Drama Studies Associations com o espetáculo “A Bella Sônia e Outras
Mortas” de autoria de Simone Reis, direção de Brígida Miranda e sob minha
produção artística. O tema discutido na conferência tratava dos estudos da performance
e do teatro, esta experiência me municiou de ideias e projetos e na volta ao
Brasil realizamos a terceira e última produção daquele grupo de estudantes de
artes.
A
derradeira experiência com o grupo Quinta Cênica ocorreu em 1999, com o estudo
para a encenação da peça teatral “Zona Contaminada” escrita por Caio Fernando
Abreu sob minha direção e de Brígida Miranda. A encenação que segundo que
segundo o autor “pode ser tanto uma comédia negra, modesta, ou um espetáculo
alucinado” atendia nossas expectativas de uma montagem
interdisciplinar/multimídia, ousamos em “correr riscos” nesta montagem cênica
rompendo o convencional no teatro, antes de tudo, um processo de experimentação
artística interdisciplinar. A peça inspirava-se nas profecias do fim do mundo,
às vésperas da virada do milênio em uma zona contaminada.
Partimos
então para prática, e paralelo às atividades acadêmicas e com pouquíssimos
recursos, sustentabilidade e criatividade, utilizando-se do lixo tecnológico
produzido no campus, construímos colaborativamente a custo zero, os figurinos e
cenários e contamos com o apoio institucional da UnB, para viabilização de
recursos tecnológicos e humanos o espetáculo,
O volume do
acervo artístico cresceu sucessivamente a cada produção realizada pelo grupo, o
que acarretou a equipe em pleitear um espaço destinado para a guarda do
material denominamos carinhosamente de “Bat Caverna”, por ocuparmos e sermos
despejados sucessivamente de duas salas onde não havia atividades acadêmicas e
que de um semestre para outro, era priorizado pela administração da
Universidade para destinação de aulas convencionais, fator que nos obrigava a
procurar um novo espaço e reiniciar uma nova e exaustiva mudança inesperada,
independente de nosso desejo de permanecer com o pequeno laboratório artístico
Bat Caverna em meio aos laboratórios de química, física, biologia e outras
áreas de conhecimento da universidade no Minhocão da UnB, impulsionando uma
constante tensão e lutas em prol de nossa permanência no local.
Atualmente
a Bat Caverna situa-se no ponto central do Instituto Central de Ciências,
permanece como sendo um ambiente destinado a memória e a atividade artística que
contém vestígios de armazenamento anteriores e atuais de figurinos e de
materiais par a cena da teatralidade, bem como de matérias jornalísticas com
críticas e manchetes de destaques da cena cultural da UnB, composto por fitas
VHS, DVDs e fotografias digitalizadas e analógicas, constituindo um vasto
material artístico da produção universitária, possibilitando o acesso e diálogo
de todas as áreas de conhecimento da UnB que tenham como objetivo a
reutilização de modo criativo e sustentável dos materiais ali preservados em
práticas artísticas desenvolvidas em projetos acadêmicos.
O espaço
encontra-se na atualidade em pleno funcionamento institucional no âmbito do
Decanato de Assuntos Comunitários em parceria com professores e estudantes dos
Departamentos de Museologia e Arquivologia da UnB para catalogação e
digitalização de todo material preservado, no qual poderá ser esboçada a linha
do tempo de 25 anos de história de arte e cultura no campus universitário de
posse da Diretoria de Esporte, Arte e Cultura.
O projeto
Zona Contaminada resultou em três sessões noturnas no qual o público de 800
pessoas distribuídas em 3 sessões noturnas foi conduzido desde a entrada do
minhocão até a porta de serviço do Anfiteatro, e adentrando pela cenografia
interativa e sensorial proporcionada pela ambientação e com atuação
performática dos jovens atores eram envolvidos pela música eletroacústica de
mixada pelo professor Conrado Silva do Departamento de Música da
UnB. Esta experiência possibilitou mais uma interação entre a UnB e
a sociedade brasiliense, abrindo as portas da universidade para o acesso a arte
e a cultura, frutos de pesquisa e prática acadêmica. Mais uma vez, os
estudantes concluíram seus cursos, o grupo foi desfeito.
Continuando
meus inter-caminhos na universidade, que perpassaram por estudos e práticas do
Teatro da Crueldade de Antonin Artaud (1996-1948) em montagem apresentada na
mesma década no Anfiteatro-9 destinada ao público em geral da peça “Para acabar
com o julgamento de Deus” sob direção do então estudante Carlos Fernirah e
Raqueline Feitosa, e supervisão da professora Simone Reis, processo este que me
possibilitou experimentar o conjunto de ideias propostas pelo ator, diretor
poeta e teórico francês e que foi apresentado em uma única sessão, que
precedida de quatro meses de experimentando ideias em coisas, possibilitou-me a
busca pelo rompimento do convencional do teatro em um processo, antes de tudo
por meio de um trabalho experimental acadêmico, orgânico e poético.
Ainda em
1999, apresentei meu trabalho de conclusão de curso, sob a orientação da
professora Isabela Brochado. O projeto teve que como objetivo principal aplicar
e refletir sobre a metodologia sistematizada por Augusto Boal, estabelecida em
sua Poética do Oprimido concretizou a partir de uma chamada pública para uma
oficina de teatro membros da comunidade universitária, sem experiência da
prática teatral. Com o foco na prática teatral, a oficina possibilitou o fazer
teatral para os participantes que foram desde jogos e exercícios até a montagem
da peça de Teatro-fórum, escrita pelo próprio grupo.
A oficina
parte integrante do trabalho escrito de monografia intitulada “Teatro Popular –
uma experiência”,agregou servidores técnicos administrativos e docentes que
passaram por um período de ensaios de três meses e teve como resultado final a
escrita da peça de teatro-fórum “Chefe por um dia” na qual eu atuei como um
curinga, termo designado por Augusto Boal para artistas com função pedagógica,
praticantes, estudiosos e pesquisadores do seu método.
O
espetáculo abordava de maneira cômica os conflitos interpessoais cotidianos,
relacionados diretamente à manutenção do poder de chefias de departamentos da
instituição em relação aos demais trabalhadores da educação, bem como os
privilégios de determinados membros da comunidade em detrimento aos direito de
outros esquecidos e discriminados. As cenas da peça compunham-se de diversas situações
reais que foram demonstradas em uma ouvidoria fictícia onde ninguém era ouvido
de fato, tratava-se de uma ouvidoria opressora. Cabia à plateia assumir a
função de ouvidor e protagonizar o papel dos oprimidos na cena para
encaminhamentos de soluções alternativas para o convívio harmônico da
comunidade universitária em seu cotidiano de trabalho na universidade,
estimulando a refletir sobre o passado, a transformar o presente e inventar o
futuro, desafiando locais, e situações de opressão das duas classes
trabalhadoras da Instituição.
Posterior
a minha graduação, a peça foi apresentada em assembleias deliberativas
sindicais promovidas pelo Sindicato dos Trabalhadores da UnB – SINTFUB, no
anfiteatro 09, no pátio da reitoria da UnB proporcionando a visibilidade para
os conflitos interpessoais das classes trabalhadoras da UnB, estimulando e
promovendo o debate e a solução de conflitos pré-existentes no convívio
comunitário e finalmente, encerrando a temporada da peça fórum, o grupo foi
convidado a participar do Primeiro Encontro Nacional do Teatro do Oprimido,
realizado nas ruas da cidade de Santo André – SP, no qual representamos a
região Centro-Oeste Brasileira, com este projeto concluí minha graduação em
Educação Artística – Habilitação em Artes Cênicas e reforçou a minha atuação
diante do ambiente universitário interdisciplinar que vivenciei durante a
graduação, enquanto servidor público da área de cultura e estudante de Artes
Cênicas pelos inter-caminhos enquanto servidor, produtor cultural, ator cômico
performático e ativista cultural.
A proposta
do Grupo de Teatro Popular da UnB foi amplamente divulgada pela rede mundial do
Teatro do Oprimido pela revista “Metaxis” do Centro do Teatro do Oprimido – CTO
Rio, fator que me possibilitou receber inúmeros convites para participação de
brasileiros e estrangeiros interessados em integrar a pesquisa e da prática do
método com o grupo, que por sua vez foi diluído por diversas motivações
pessoais.
Dentre os
incontáveis convites direcionados a mim em relação a pratica do Teatro do
Oprimido se consolidou a partir de um convite da Organização Internacional do
Trabalho-OIT , que emplacava uma campanha nacional do combate ao trabalho
escravo e prostituição infantil,no qual atuei como curinga em um work
shop destinado aos policiais rodoviários federais, que me proporcionou
uma satisfação imensa em aplicar um método extremamente humano, aplicado aos
policiais rodoviários com o propósito de sensibilizar, conscientizar e alertar
os policiais rodoviários de todo o território nacional para uma causa
preocupante na sociedade: a prostituição infantil e o trabalho escravo ainda
presentes na contemporaneidade por meio da linguagem teatral.
Nos anos
seguintes, tive a oportunidade de mergulhar em práticas da arte da palhaçaria,
a partir de um treinamento proposto por Denis Camargo para a criação de um
palhaço contemporâneo ao estilo tradicional, com nariz vermelho, de
indumentária e maquiagem ridiculamente extravagantes com o propósito de
despertar o riso a partir de situações corriqueiras com a intenção de me
enveredar em temáticas mais densas e questionadoras dos comportamentos humanos.
A partir de
intensa prática de “saídas de encantamento” pensadas para ações cômicas
interativas com as pessoas e os ambientes por vezes em coletividade com outros
artistas palhaços e na maioria das vezes em atuação solo que criei o
“meu” palhaço: “Lalelilolu” que em suas peripécias e expressividade
inspirada em na linguagem do cinema mudo e desenho animado já experimentados em
treinamentos no período da peça “Aluga-se” circulava o campus universitário em
saídas comunitárias, solitárias, muitas vezes de caráter funcional para
atendimento de demandas institucionais ou experimentais com objetivo de
promover o riso e a reflexão por fatos ou situações corriqueiras no âmbito da
universidade e da cidade.
A
comicidade proporcionada pela prática foram além do campus para
projetos de arte e cultura e em festas eletrônicas, animações em de festas de
familiares e tecendo histórias da vida particular e transformando-as em cena
cômicas, que experimentei ao longo de quatro anos a prática dos fundamentos da
linguagem da palhaçaria por meio do palhaço Lalelilolu.
Deste
período resultaram em espetáculos em parceria com Manuela Castelo Branco e
Denis Camargo, além de intervenções coletivas de palhaços que na época agiam
como próprios empreendedores da palhaçaria na negociação com instituições
públicas e privadas para apresentações. Em uma das ocasiões destas atuações
coletivas, atuamos em uma campanha institucional bem humorada de recepção dos
calouros da UnB, pelo qual tive a oportunidade de me apresentar e interagir com
uma plateia composta por mais de 1000 novos
estudantes recém-chegados à universidade, onde de maneira cômica,
apresentava campanhas anuais da reitoria em relação a deveres e direitos
estudantis para os novos ingressantes da universidade.
Em junho de
2001 participei da Conferência anual da ADSA - Australasian
Drama Studies Associations, na cidade de Melbourne na Australia, desta vez
com o espetáculo “A Bella Sônia e Outras Mortas – Exorcício numero dois”, de
autoria da professora e atriz Simone Reis, direção e atuação da professora e
atriz Felícia Johansson e sob minha assistência e produção. Permaneci na
Austrália por quatro meses, frequentei dois cursos de curta duração de práticas
em circo contemporâneo e do método Suzuki de preparação de atores.
Em
outubro de 2000 de volta ao Brasil depois de quatro meses intensos naquele
país, especialmente na cidade de Melbourne e em minhas andanças pela metrópole,
presenciei o Fringe Festival em uma grande rua daquela cidade.
O inverno proporcionava uma temperatura de 8 graus, uma grande ventania e ao
mesmo tempo o sol brilhante e de vez em quando uma pequena garoa, fustigava as
pessoas que se manifestavam espalhadas em um grande encontro de celebração.
Barracas espalhadas nas ruas expunham comidas, roupas, músicas, artefatos de
arte, de tecnologia, e performances. Havia também festas com músicas
eletrônicas em vários espaços, até mesmo roda de capoeira e de samba e milho
assado sendo vendido nas ruas, todo este cenário composto por arranha céus
pós-modernos entre igrejas góticas e pessoas, muitas e de várias
nacionalidades, reunidas num vai e vem frenético num grande encontro mix.
Fiquei admirado com toda aquela diversidade cultural, multiplicidade de
informações e acontecimentos simultâneos num país 14 horas à frente do Brasil.
Retornando
à Universidade, e com a retomada das aulas, iniciaram-se também as atividades
culturais. Instigado pela viagem e pelos acontecimentos que presenciei durante
minha estada na Austrália, dei início a uma produção experimental em
artes. Em uma conversa aqui, outra acolá, articulando-se com alunos,
artistas, professores e funcionários, resolvemos fazer um evento artístico de
performances que permeasse um tema, que foi escolhido para a concepção das
ações foi definido: Apocalipse, o que deu nome ao evento, que ocorreu em maio
de 2001: “Apocalipse de Performances – 1º Episódio”, foram
elaboradas 22 performances em torno do tema, o qual se envolveram
aproximadamente 100 pessoas de diversas áreas de conhecimento da Universidade
de Brasília, alunos e ex-alunos de Artes Cênicas, Artes Plásticas,
Antropologia, Mecatrônica, Matemática dentre outros cursos, participaram
também alguns artistas da cidade, para uma apresentação de duas horas de
duração onde as ações se repetiam a cada cinco minutos, para um público
estimado de 2000 pessoas. A edição “Apocalipse de Performances – Último
Episódio” também ocorreu no mesmo ano, mês de setembro, ocasião em que
outros artistas contribuíram para a mostra, que reuniu 32 performances
artísticas também em dois dias de evento.
A
empreitada ganhou credibilidade e um nome: Projeto Tubo de Ensaios,
um espaço para experimentos artísticos Um tubo onde os artistas pudessem
ensaiar e colocar em prática a arte e a Universidade foi palco para mais
experimentos com o Projeto, ocorreu então em 2002 o “Gênesis de
Performances”, em 2004 o “Êxodos de Performances”.
Em dezembro
de 2005, o projeto migrou para outro ambiente, desta vez, o local escolhido foi
a parte central de Brasília, mais especificamente o Centro Comercial CONIC,
juntaram-se ao projeto mais estudantes de artes da Fundação Brasileira de
Teatro - FBT e artistas da cidade para o evento “Híbridos – Tríade Gênesis,
Êxodos e Apocalipse” que culminou em uma grande festa com mais de 11
DJ’s para um público de 1800 pessoas.
Participei
durante um semestre de 2006, enquanto professor de teatro para uma turma da
disciplina optativa da graduação do Departamento de Sociologia da UnB, Arte e
Sociedade, que em parceria com o professor João Gabriel L. C. Teixeira. Como
resultado prático final do curso, realizamos uma mostra final performática, no
qual os estudantes apresentaram seus estudos teóricos da disciplina em formato
de performances, em uma experiência pedagógica prática ocorrida simultaneamente
no horário do almoço no Restaurante Universitário para os comensais
presentes. O evento teve o nome de “Artificações” é parte integrante
do livro de autoria de João Gabriel L.C. Teixeira “Teatro, Performance e
Pedagogia Dionisíaca” Editora UnB,2014.
Em 2006 o
projeto Tubo de Ensaios retornou ao Campus Universitário Darcy
Ribeiro com o tema “Casa”, substantivo que deu nome a esta edição de
performances. Em 2007, “Inquietações”,
o Tubo trouxe 700 pessoas e mais todos os que passavam pelo minhocão – ICC Sul
– da UnB. Neste mesmo ano participei pela primeira vez do “Encuentro
Hemisférico de Performance & Política- Formaciones de raza, clase y genero”,
promovido pela Universidade de Nova York, ocorrido na cidade de Buenos Aires na
Argentina, ocasião em que fiz uma comunicação em grupo de trabalho da
conferência sobre os trabalhos do Tubo de Ensaios.
No ano de 2008,
participei de uma edição do SESC Esquete Show promovido pelo SESC com uma
esquete cômica preparada a partir de um repertório próprio de experiências com
comicidade, cinema mudo, e técnicas de palhaçaria, a esquete foi apresentada
para o júri e público presente no Teatro Paulo Autran em Taguatinga-DF e foi
premiada em primeiro lugar.
A partir
deste impulso inicial com a premiação e reconhecimento do empreendimento de uma
carreira solo, dei início a pesquisas e saídas interativas com o então
recém-criado e nomeado personagem Reivax X que tinha um modo de atuação no
cotidiano, de caráter funcional, divertido para mim e para quem visse, de ações
práticos, irreverentes, sutis e cômico, então desenvolvi uma carreira artística
solo paralela ao meu trabalho de produtor e agitador cultural que se
manifestava desde 1998 com o personagem Fúvio do espetáculo Aluga-se,
posteriormente com o Palhaço Lalelilolu e finalmente com Reivax X.
Em 2009
tivemos “Só Risos”, edição do Tubo de Ensaios ocorrida num final de
semana, composta por muitos palhaços performativos para um público de
oitocentas pessoas no 1º dia e também oitocentas no 2º. Neste ano
participei do “Encuentro Hemisférico de Performance & Política –
Entradas Y Salidas de lós Derchos Culturares” realizado na Universidade
Nacional de Colombia, sede Bogotá ocasião em que fiz algumas saídas
à deriva com o personagem Reivax X.
Ao retornar
para Brasília prossegui minhas intervenções e saídas com o personagem Reivax
X., e a participar de acontecimentos cotidianos, transfigurado de personagem,
como fazer compras em shopping, ou ir ao alfaiate testar o figurino e ir embora
vestido com o figurino, frequentar exposições e peças de teatro caracterizado
de e agindo como personagem, experimentando situações do cotidiano e
registrando em minhas anotações, em fotos, vídeos e depoimentos.
Após vários
experimentos e junção de intervenções performáticas com o personagem, constituí
uma dramaturgia de um espetáculo inspirado em movimentação de cinema
mudo, cartoon, situações cotidianas coletivas e sentimentos
pessoais que constituíram o espetáculo: “Reivax X em: uma comédia cotidiana de
amor muda”, roteirizada dramaturgicamente a partir de minhas experiências de
vida. A peça foi contemplada com um prêmio de montagem pelo Fundo de Apoio a
Cultura –FAC/DF e foi apresentada em temporada de final de semana durante um
mês no Teatro Casa d’Itália de Brasília-DF e posteriormente encenado em feiras
públicas do Distrito Federal e em aparições performáticas em diversas atuações
e intervenções nas mais diversas localizações e situações, desde uma aldeia na
região norte do Brasil até uma exposição na Bienal de Artes em São Paulo,
festival Universo Paralello de Música no sul da Bahia ou como
personagem em filmes para cinema.
No ano de
2010 participei como artista selecionado do Encuentro Hemisférico de
Performance e Política que teve como tema “A Cidade/Corpo/Ação: a
Política das Paixões nas Américas”,na cidade de São Paulo-SP. Na ocasião do
encontro apresentei o espetáculo criado para teatro italiano em praça pública -
Praça Roosevelt - no centro movimentado daquela capital para o público
transeunte em meio a outras performances simultâneas em mostra coletiva na
praça. Durante os outros dias do Encuentro apresentei o espetáculo “Reivax X
em: uma comédia cotidiana de amor muda” fragmentado em quatro episódios,
distribuídos em quatro noites consecutivas no Cabaré Noturno do Encuentro.
A partir
dos experimentos com o personagem Reivax durante o Encuentro do Instituto
Hemisférico na cidade de São Paulo, adaptei o espetáculo para uma linguagem de
rua e a proposta de circulação do espetáculo “Reivax X. em: uma comédia
cotidiana de amor muda” foi adaptada para apresentações nas estações de metrô
de Brasília. O projeto foi contemplado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura
–FAC-DF e circulei em uma temporada de apresentações por todas estações de
metrô do Distrito Federal, como um passageiro comum que entre uma
viagem de uma estação para outra montava o cenário cenicamente e apresentava o
espetáculo solo de 45 minutos nos ambientes das estações numa temporada que
durou três meses.
No mesmo
ano fui convidado para participar como protagonista de um curta-metragem sob a
direção da cineasta Adriana de Andrade. O curta de ficção baseado em fatos
reais “Bibinha, a luta continua” curta de 19 minutos, 2010, retrata 24 horas da
vida de um produtor cultural de cinema, soropositivo da década de
80, Cleber Ribeiro. O filme foi selecionado para a 45ª edição do Festival de
Brasília do Cinema Brasileiro e foi veiculado em diversos canais de TV, ganhou
prêmios e é uma obra que trata de ativismo e direitos LGBT.
Em 2010, em
comemoração ao cinquentenário de Brasília - que teve sua programação cultural
afetada pelo impedimento do governador da época - e em decorrência dos 10 anos
de existência do projeto, o Tubo de Ensaios prestou sua homenagem para a
capital com e a edição anual do projeto, foi realizada o “Brasílias”,
para esta edição, foram apresentadas 8 grupos de performances, constituídos a
partir de oficinas de multiplicação de metodologias artísticas oferecidos por
coletivos de artes cênicas, em sua maioria constituídos por ex-alunos da UnB.
As performances foram apresentadas também no minhocão da UnB e contou com um
público de 1000 pessoas.
No ano de
2011 o Tubo expandiu a área de atuação para outras universidades, tornando-se
desta maneira uma proposta nacional, foi a edição Fronteiras, a
qual trouxe para o minhocão 44 performances com a participação de estudantes de
artes de diversas instituições de ensino superior de vários estados
brasileiros. No mesmo ano um grupo de estudantes de várias áreas de graduação,
coordenados pela professora Sônia Paiva viajaram para a Quadrienal de Praga com
apoio institucional da UnB e quando do retorno desta viagem, parte do que foi
exposto na referida quadrienal foi aplicado durante a semana preparatória o que
resultou da viabilização prática de cenografia interativa para ao evento bem
como de palestras com trocas de experiências do que foi exposto durante a
Quadrienal na República Tcheka.
Em 2012 o
projeto Tubo de Ensaios agregou propostas internacionais de grupos folclóricos
do Equador e da Venezuela, foram 22 performances enveredadas pelo tema Latinidades e
contou com a participação de estudantes e artistas de Brasília, de outros
estados brasileiros e de dois grupos latinos e foi projeto integrante do FLAAC
2012 - Festival Latino Americano e Africano de Arte e Cultura pelo qual fiz
parte do Comitê organizador da UnB no mesmo festival, fui coordenador do FINCA
de todos os tempos - edição especial do Festival Interno de Música
Candanga da UnB, sob minha gestão enquanto coordenador de Arte e
Cultura do Decanato de Assuntos Comunitários da UnB, cargo que assumi de 2008 à
2016 em múltiplas funções de fomento e coordenação de atividades
culturais (gestão de espaços culturais, fomento aos corais comunitários,
mostras de filmes em cinemateca comunitária e apoio grupos artísticos e ao
protagonismo estudantil na atuação acadêmica e profissional na área
de produção cultural.
Neste
período concluí uma Especialização em Gestão de Políticas Públicas de Políticas
de Cultura, oferecida pelo departamento de sociologia da UnB, fator que
possibilitou a prosseguir meu trabalho de gestor cultural. Atuei na Diretoria
de Esporte, Arte e Cultura do Decanato de Assuntos Comunitários com uma equipe
que se renovava a cada semestre e por onde passaram mais de 30 estagiários em
treinamentos práticos na área de produção de arte e cultura de diversas áreas
de formação, entre artes cênicas, artes visuais, filosofia, comunicação,
jornalismo da Universidade e que eram supervisionados por mim.
Em 2013,
partimos para a realização da 12ª edição anual do Tubo de Ensaios, denominada
“Oriente-se”, impulsionados pela história da época dos movimentos “Vamos á rua”
e amparado pelo conceito ampliado da palavra ‘oriente’ significando a ideia de
se tomar uma direção ou uma perspectiva existencial mais amplas o Tubo de
Ensaios. Elaboramos e lançamos a primeira revista do projeto que levou o nome
da edição, “Oriente-se” e com todas as edições anteriores, foi precedida de
mostra coletiva e reflexiva que foram publicadas em formato de artigos pelos
estudantes protagonistas das performances apresentadas em horário diurno e
simultaneamente no Instituto Central de Ciências entre salas de aula, corredores,
pessoas caminhando para almoçar e centros acadêmicos cheios de sons, cheiros e
situações corriqueiras.
Tendo em
vista a direção do evento performático sob minha orientação e coordenação
estético/administrativa para ocupação artística de um espaço comum de aulas,
tive a oportunidade de interagir enquanto personagem Reivax para manutenção da
pontualidade de início e fim de cada evento de performance.
A
metodologia que desde a primeira mostra do projeto Tubo de Ensaios que consiste
na repetição das performances a cada 5 minutos propiciava a
apreciação por todos da audiência de todas as obras. Essa estratégia foi usada
para que a encenação tivesse um início e fim equalizados com todos, daí a
necessidade de interferência de um elemento externo para sinalizar o início e
fim das ações, normalmente com música eletroacústica e ações performativas,
neste caso com o Reivax, atuando enquanto performer e administrador do evento
de performance agia no intuído utilizar-se da comicidade para orientação do
elenco na ação performática coletiva
Em
2015 em ocasião da 13ª edição do projeto, o Tubo de Ensaios, realizou a edição
“Des-centralize” que teve como objetivo principal promover a descentralização
da atuação do projeto que ocupava anualmente as áreas comuns do Minhocão para
uma turnê performática dramaturgicamente elaborada para ocupar os espaços de
todos os campi da Universidade de Brasília, em Planaltina, Asa Norte, Ceilândia
e Gama. O grupo foi notoriamente recebido pela comunidade daquela faculdade,
assim como no campus Darcy Ribeiro, contudo, o mesmo sentimento não ocorreu no
campus da Ceilândia e do Gama, não houve diálogo tão pouco aceitação de nossa
presença enquanto projeto institucional de artes, no qual fomos convidados a
encerrar as performances simultâneas e nos retirarmos imediatamente do campus
universitário, sob ameaça policial, fato que repercutiu amplamente até chegar
ao Conselho Universitário. Mas esse não foi o primeiro nem o último fato
incômodo com as artes e a sociedade por meio do projeto, neste sentido
estávamos nas ações performativas exatamente para questionar determinados
padrões e comportamentos por meio da arte.
A turnê foi
interrompida na metade do caminho, mas a trajetória do projeto não encerrou por
aí, e em 2016, enquanto propunha minha saída da gestão de arte e cultura da
UnB, realizamos uma edição revisitada do Apocalipse de Performances. Por meio
da divulgação e dos sucessivos lançamentos da revista da revista “Oriente-se”
na Faculdade Dulcina de Morais, no Campus Universitário Darcy
Ribeiro e Instituto Federal de Brasília, e tinha como objetivo promover mais
uma semana preparatória inter-instituições com palestras, mostras de vídeo,
mesas de conversa e debates acerca da linguagem da performance.
Dos
encontros preparatórios, ocorridos em diversos ambientes da Faculdade Dulcina
de Moraes e do Campus Darcy Ribeiro, constituiu-se a 14ª mostra do projeto
intitulada “Pós-Apocalipse de Performances” na Faculdade Dulcina de Morais,
incluindo teatro, camarins, corredores, galeria, corredores e subsolos do
prédio do CONIC, que foram preenchidos de performances, música eletroacústica e
seguida de uma festa que arrecadou alimentos de um público estimado de 1500
pessoas que interagiram com as obras performáticas e apreciaram uma festa com
DJs convidados até o amanhecer do dia seguinte.
A partir
deste ano, o projeto foi incluído como de extensão e em 2015 a edição de numero
15 ocorreu no Setor Comercial Sul de Brasília, intitulada de “Tuburbano”, na
Casa da América Latina, sob a coordenação de uma nova equipe. Eu já havia
deixado a gestão de arte e cultura da Diretoria de Esporte, Arte e Cultura e
migrado para a Diretoria da Diversidade do mesmo Decanato de Assuntos
Comunitários para desenvolvimento de projeto prático de teatro para a comunidade
universitária. Participei como ator da ópera de rua "Olympia ou
Sujadevez", da ópera infantil "A Borboleta Azul e da Sinfonia
dos Direitos , de autoria do Maestro Jorge Antunes nos anos de 2015 e
2016.
Na área de
audiovisual, atuei no “Programa Grande Circular” atuando enquanto apresentador
âncora cômico do programa de entrevistas de arte e cultura com o personagem
Reivax X. Foram realizados programas de entrevistas entremeados de ações
cômicas e discurso crítico com o personagem que dividia o programa com uma
apresentadora convencional, a atriz brasiliense Maria Garcia. O programa teve
um percurso de 3 anos e foi contemplado no seu último ano de atuação
com recursos do Fundo de Apoio à cultura e contou em edição especial de 06
programas a história dos candangos nas localidades históricas e culturais da
fundação da capital, com intensa participação de cenas cômicas
gravadas cinematograficamente para o programa de entrevistas do personagem
Reivax em situações cotidianas na capital.
Atualmente,
o espetáculo “Reivax X em: uma comédia cotidiana de amor muda, foi contemplada
com mais um prêmio de circulação pelo Fundo de Apoio à Cultura para execução de
circulação em praças e feiras públicas na região Centro-Oeste Brasileira, para
as cidades de Buritis-MG, São Jorge-GO e Cruzeiro Novo –DF, o qual pretendo me
debruçar na pesquisa teórico/prática estruturada a partir de pensamentos
filosóficos, sociais, políticos e estéticos.
Paralelo a
minha carreia artística em minha atuação na Diretoria da Diversidade da UnB,
desenvolvo projetos comunitários de ação contínua para a comunidade
universitária com oficinas permanentes de teatro, utilizando do método do de
Teatro do Oprimido e da prática corporal para interações performáticas como
teatro imagem, teatro-fórum, performance e a arte em geral como ferramenta de
transformação social em todos os sentidos, por meio de oficinas práticas
permanentes semestrais em parceria com equipe multidisciplinar do Centro
Avançado de Estudos Multidisciplinares – CEAM, Faculdade de Comunicação da UnB,
composta de pesquisadores, psicólogos, assistentes sociais, ativistas e grupos
comunitários da a UnB e de redes de proteção aos direitos humanos,
parceiras com Escuta Diversa do CEAM-UnB.
No ano de
2017, fui convidado pela administração superior da UnB a participar da Aula
Magna destinada aos calouros ingressantes do segundo semestre. A aula em
formato de arena, foi a partir de depoimento de um servidor docente , uma
ex-aluna e um servidor técnico administrativo, neste caso eu,que relatam suas
experiências pessoais e profissionais a partir de inspiração pela UnB, no ano
seguinte fui homenageado com o título "Prata da Casa da UnB"
destinado aos servidores docentes e técnicos que dedicaram 25 anos de carreira
à instituição.
Ainda em
2017 cursei enquanto aluno especial a Disciplina O Direito Achado na Rua com o
professor José Geraldo de Sousa Júnior da Faculdade de Direito da UnB, abriu-se
um vasto campo de atuação com o teatro como ferramenta para aplicação e
formulação de projetos de sociedade a partir do protagonismo humanista
salientado por Roberto Lyra Filho (1982), como resultado da disciplina apliquei
a metodologia do Teatro do Oprimido na busca de soluções a nível de direitos
humanos e apresentamos um sarau coletivo com todos os alunos, no qual a atuação
de Reivax X se deu de forma a integrar os demais estudantes da pós-graduação na
referida mostra final de curso com a apresentação do espetáculo nos corredores
da Faculdade de Direito da UnB envolvendo a arte como ferramenta de emancipação
popular e de constituição de direitos humanos.
Esta
experiência possível de ampliação dos espaços de emancipação me abriu novas
perspectivas de atuação enquanto artista e a partir daí somei conhecimentos ao
meu trabalho junto aos coletivos LGBT, de mulheres, indígenas e negros,
comunidade que é atendida por esta Diretoria da Diversidade é estimulada e
apoiada nos eventos de visibilidade e neste sentido também apoia e fomenta a
realização de eventos para esta comunidade anualmente com a realização de Paradas
LGBTI+ no campus, Semana de Visibilidade Trans, Semana da
Consciência Negra e de eventos e projetos ligados aos coletivos feministas da
UnB e interfaces com coletivos e a cidade.
Desde o
término da minha graduação que busco atualizações e caminhos para atuação
enquanto artista, arte educador e ser social, dentre ele, várias disciplinas me
atualizaram e me fortaleceram enquanto pesquisador. Cursei disciplinas da época
em que o mestrado da UnB era amplo o denominado Mestrado em Artes com Roberta
Matsumoto e Fernando Villar, respectivamente em 2003 e 2006. E Foi no ano de
2018 na disciplina de pós-graduação do PPGCEN como professor Paulo Petronilio
que comecei a estruturar um caminho de pesquisa por meio do personagem Reivax
X.
Numa
provável hipótese de relacionar o teatro com o mundo, provocar uma alegria
revolucionária, criar fissuras nos discursos, e apoiar-se na prática cotidiana
Reivax X abre caminhos, trilha sentimentos, segue à deriva e permanece
excêntrico. É o que move meus pensamentos, quando observo o outro, ou quando
estou numa situação corriqueira, que aciona as minhas memórias afetivas e
proporciona o contato das minhas emoções e as emoções do outro, seja uma
criança, jovem, adulto ou idoso, de qualquer lugar ou situação, de
encontros ou despedidas, com algo novo, ou algo totalmente conhecido e velho,
com o contemporâneo e com o clássico. A partir desses caminhos, a realidade é
transformada na ficção que se torna realidade outra vez.
Atualmente,
o projeto Tubo de Ensaios está na sua décima sétima edição anual, a qual reúne
em média 100 pessoas entre artistas, pesquisadores, estudantes de graduação,
pós-graduação de diversas áreas de conhecimento da Universidade e técnicos
administrativos, constituindo um evento mobilizador, agregador, caracterizando-o
como uma proposta interdisciplinar, que ocupavam os alas sul e norte e áreas
comuns de laboratórios, salas de aula, da comunidade acadêmica misturando-se
com o cotidiano de laboratórios de teatro, estava lá, um gigante tubo de ensaio
comosto de uma multiplicidade de poéticas que dialogavam com os frequentadores
e espaço físico promovendo um rompimento do status quo dominante
no cotidiano universitário.
O Tubo
retorna neste ano de 2020 com uma proposta temática de transcendência pela arte
de novas possibilidades de interação artística e com objetivo de reconstruir a
linha do tempo do projeto com depoimento de ex-integrantes, egressos da UnB e
comunidade artística brasiliense em geral, para uma preparação de uma edição
presencial e segura pós-pandêmica em que estamos protagonizando.
O Projeto
Tubo de Ensaios ainda funciona como um laboratório artístico, que
desde sua criação proporciona encontros e troca de saberes entre
pessoas motivadas pela prática e a pesquisa da linguagem da performance em
encontros anuais que promovem de forma interativa e poética a troca de
experiências artísticas protagonizadas dentro do ambiente
universitário, mais especificamente no emblemático Minhocão da UnB e
junto com ele segue Reivax X.
O Tubo de
Ensaios caracterizado pela sua grandiosidade e diversidade artística e humana,
aproximou mais de 900 pessoas entre pesquisadores das artes cênicas, visuais,
música, filosofia, ciências sociais, comunicação social, psicologia...
artistas, estudantes de múltiplas áreas de conhecimento da graduação e
pós-graduação, docentes e técnicos administrativos, bem como da comunidade
externa constituída por artistas, estudantes, grupos populares e professores de
arte de outras instituições públicas e privadas de Brasília e do Brasil.
O
repertório do patrimônio cultural composto pelo conjunto de obras, resultante
de sucessivos trabalhos de preparação coletiva para as mostras temáticas anuaís
do Tubo de Ensaios, impulsionou a reflexão, o questionamento, e inquietação de
um público estimado de mais de 15 mil pessoas durante todo o período de atuação
dos coletivos com a sociedade brasiliense.
Diante do
estado de isolamento social e de comemoração dos 20 anos de fundação do
projeto, o Tubo de Ensaios, tem como objetivo nesta edição virtual, resgatar e
preservar a memória institucional e de trazer à tona discussões sobre o papel
da arte neste período de pandemia.
Neste
sentido, estaremos constituindo a linha do tempo de um laboratório artístico
que marcou gerações e promoveu conexões multiculturais entre a cidade e a
universidade e que demanda de um registro histórico e reflexivo das
contemporaneidades vivenciadas por quem as presenciou e participou enquanto
audiência e atuante do fazer artístico nas catarses coletivas propiciadas pelo
projeto.
Esta
história não poderia deixar de ser escrita e registrada no percurso histórico
da UnB. Teremos como proposição nesta edição do “Tubo Transcendental”, o
resgate e a preservação da memória institucional do projeto coletivamente de
promover o debate e a investigação de possíveis alternativas e ferramentas de
interação com a arte, por meio de redes de comunicação virtual.
Ademais,
pretendemos em um futuro próximo resgatar com segurança o convívio social, e a
experiência real que permita a interação de nos vermos pessoalmente, de
saborear e sentir os aromas da vida e nos tocarmos e experimentar mais uma vez
uma catarse coletiva, que possibilite a empatia e a alegria do convívio social
e que provoque a reflexão sobre o tempo, o espaço e a sociedade em sua
amplitude de momento mundial de isolamento social.
Para
finalizar esta auto apresentação, gostaria de compartilhar
uma mensagem do ex- reitor José Geraldo de Sousa Júnior em ocasião de
homenagem que receberei durante a semana universitária pelo projeto UnB nos 60
anos de Brasília no projeto do CEAM Histórias Cruzadas – a Universidade e a
Cidade que homenagearam a pessoas que tiveram na sua trajetória de
vida esse cruzamento entre a cidade e a universidade.
“Uma das
atribuições mais importantes numa universidade completa, democrática,
inclusiva, é a dimensão cultural, para criar um ambiente
sensível, acolhedor, que contribua para uma convivência mais harmoniosa e feliz
entre os membros de sua comunidade ativa, principalmente os servidores, os
docentes e os estudantes. Essa é a atribuição de animação cultural dos
campi. Na UnB, desde a redemocratização houve atenção para essa função.
No meu Reitorado ela foi essencial para realizar a condição de acolhimento e
isso graças à competência, criatividade e inteligência de Magno Assis. Foi um
capítulo destacado da gestão, com mostras relevantes para a UnB e para a
cidade. Intervenções como o clássico Tubo de Ensaios, o Festival
Universitário de Música Candanga, se destacam entre outras produções que se
reuniram todas no FLAAC 2012, o Festival Latino-Americano e Africano de Arte e
Cultura. Magno e seu alter ego performático Reivax X, encarnam essa
dimensão sensível que, pode-se dizer, é a alma da UnB.”
Não sou
mais aquele menino de 15 anos, estudante secundarista, que em 1979 morria de
vergonha de fazer um papel de figurante numa peça de teatro do Colégio Agrícola
como aluno interno, e fugia para se aventurar pelo sol no cerrado matando aulas
e ao final reprovado, mas um lugar de profundo aprendizado, fui para um curso
técnico de Análises Químicas, desisti, muito técnico, depois Desenho
Industrial, gostei também mas finalizei como Técnico Administrativo, quando
terminei minha saga de secundarista e trabalhador em 1983, mas acho que ainda o
sou, quando entro neste jogo, nesta interface, neste caminho de descobertas,
surpresas e transposições, experimentações para um planejamento e hipóteses que
porventura virão e que com absoluta convicção: que seja útil para a busca de
soluções para conflitos sociais, de convivência harmônica, da luta de classes,
mas uma luta lúdica, louca, às vezes sem sentido, mas nunca sem perder a
empatia e a interação entre os indivíduos e as cidades. A liberdade
juvenil de matar aulas e me perder pelo cerrado, com a fauna, a flora e alguns
humanos de vez em quando para alegrar o percurso.
Dedico-me a
continuar a velha história da infância, juntar pessoas, organizar eventos,
tecer redes, especular e praticar a arte cotidiana no meu dia-a-dia.
E a
pesquisa a qual me debruçarei e apresentei ao Programa de Pós-Graduação em
Artes Cênicas da UnB intitula-se:
“Reivax X.,
vagabundo à deriva por inter-caminhos x.: os sociais,cômicos, verídicos e
amorosospara a sobrevivênciada personagem e do artista”, descritos acima.
Imagens e vídeos ilustrativa:
https://www.youtube.com/watch?v=F_nUMBjKYFk
https://hemi.nyu.edu/hemi/fr/enc13-urban-interventions/item/2038-enc13-magno-assis-reivax/2038-enc13-magno-assis-reivax
https://hemisphericinstitute.org/pt/enc13-urban-interventions/item/2038-enc13-magno-assis-reivax.html
https://www.youtube.com/watch?v=3jgjDE-XCH4
https://www.youtube.com/watch?v=DR6KqA6quU8
https://www.youtube.com/watch?v=o06v50kfqbY
https://www.youtube.com/watch?v=wVnZYm8t9A8
https://www.youtube.com/watch?v=9WS0mjyXeXM
Blog do personagem:
Blog do Projeto Tubo de Ensaios:
www.tubodeensaiosunb.blogspot.com
Instagram:
Do personagem:
#reivax_x_
Do artista:
#magnoveetasmito
...e muitas revisas, fotos
analógicas e digitais, matérias jornalísticas de cultura, fitas VHC,
DVDs, Fitas K-7, CDs, disquetes, HD’s, blocos de anotações,livros e vinis para
ilustrar esta longa historia que estão sendo organizadas.
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